‘Nova Raposo’ prevê construção de nova rodovia ligando o centro de Cotia à Régis Bittencourt

Entidades manifestaram preocupação, já que a construção da nova via colocaria  em risco áreas de mata preservada; veja o que disse o governo de SP

Projeto de nova rodovia passaria pela Av. Dr Odair Pacheco Pedroso. Foto: Google Street Views

Conforme já divulgado pelo governo de São Paulo, a concessionária Ecovias Raposo-Castello inicia sua operação no lote Nova Raposo a partir do dia 30 de março. Com investimento previsto de R$ 7,9 bilhões, a concessão visa modernizar a infraestrutura rodoviária e a segurança viária do Estado.

A Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) será responsável pela fiscalização do contrato de concessão. A concessionária será responsável por uma série de melhorias na malha viária, incluindo duplicações, faixas de ultrapassagem, acostamentos, ciclovias, passarelas e obras de segurança e drenagem.

PONTO POLÊMICO

Mas há um ponto polêmico do projeto de concessão do governo estadual: a construção de uma nova rodovia ligando a Raposo Tavares à Régis Bittencourt. A questão foi levantada, nesta semana, por moradores e entidades da região de Embu das Artes e Cotia, que manifestaram surpresa e preocupação ao tomarem conhecimento.

Segundo uma nota divulgada para a imprensa, o projeto prevê uma via de quatro faixas, com canteiro central, “atravessando áreas de mata preservada e impactando diretamente comunidades locais”.

Ainda de acordo com a nota, o traçado exato da nova rodovia ainda será definido, mas o projeto prevê uma opção que partiria do centro de Cotia, passando pela Avenida Dr. Odair Pacheco Pedroso, Avenida Ecologista João de Oliveira Ramos de Sá e Estrada Henrique Franchini, até chegar à Régis.

Outro trajeto proposto, segundo as entidades, faria essa ligação mais próxima da estrada da Barragem, atingindo a Reserva Florestal do Morro Grande em Cotia e áreas de mata de Itapecerica da Serra.

De acordo com o Manifesto Ambiental Embu-Itapecerica Contra Nova Raposo, produzido pela SEAE (Sociedade Ecológica Amigos de Embu) e pela ONG Preservar Ambiental, essa nova estrada pode resultar na derrubada de milhares de metros quadrados de vegetação nativa, afetar cursos d’água essenciais para os mananciais da região e interromper corredores ecológicos utilizados por diversas espécies da fauna local.

“Estudos técnicos já comprovaram a presença de pelo menos 19 espécies de mamíferos nessa região. A fragmentação do habitat e o aumento do tráfego de veículos podem levar à redução dessas populações e ao comprometimento da biodiversidade local”, afirmou Rodolfo Almeida, conselheiro da SEAE.

FALTA DE TRANSPARÊNCIA

Além dos danos ambientais, moradores também questionam a falta de transparência e participação popular no processo. “Apesar de o governo estadual já estar trabalhando na concessão há quase um ano, não houve audiências públicas em Embu das Artes, Cotia ou Itapecerica da Serra”, diz a nota.

A representante da ONG Preservar Ambiental, Adriana Abelhão, disse que não se trata apenas de uma rodovia, mas de uma mudança estrutural na dinâmica urbana e ambiental da região. “A população local sequer foi consultada sobre um projeto que pode impactar sua qualidade de vida de forma irreversível”, afirmou.

OUTRO LADO

Procurada pelo Cotia e Cia, a Artesp informou que a concessionária ainda irá definir a realização dos projetos.

Disse ainda que, toda e qualquer intervenção viária, passa por aprovação e acompanhamento da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), bem como licenças cedidas pela companhia à concessionária.

“Por fim, se necessário, também são realizadas audiências públicas para adequação de projetos”, concluiu.
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