Neto Rossi relatou sua história de superação por meio da prática esportiva, uma verdadeira aliada na luta contra os transtornos mentais
Neto Rossi é jornalista do Cotia e Cia. Foto: Fotop / Reprodução |
Por Daniel Harzer
No início do ano de 2021 – após um ano fazendo terapia – Neto Rossi, 38, jornalista e escritor de Cotia, foi diagnosticado com transtorno misto de ansiedade e depressão. Para tratar os sintomas, continuou fazendo terapia e passou a tomar dois medicamentos de uso controlado.
Neto disse que sempre levou a sério o tratamento, contudo, em um determinado momento, cansado de tomar os remédios, os suspendeu por conta própria, sem orientação médica.
E o resultado não foi dos melhores, conforme ele mesmo declara: “Passei mal. Meu nível de estresse ficou elevado, meus pensamentos bagunçados e minha irritabilidade extremamente descontrolada. Depois deste dia, fiquei preocupado, afinal, será que eu teria que tomar para a vida toda esses remédios?"
VIRADA DE CHAVE
Mas uma mudança estava para acontecer na vida do jornalista, que escreve para o portal Cotia e Cia há 4 anos. E essa virada de chave aconteceu em dezembro de 2023, após Neto realizar exames de sangue que apontaram níveis de colesterol fora do limite considerado adequado. E esse resultado foi causado por uma vida extremamente sedentária.
Com medo de ter algum problema mais grave de saúde, ele entrou na academia e começou a praticar musculação. Após três meses de treino, ele relata que seus exames já estavam bem controlados.
Neto persistiu e, em maio de 2024, durante as festividades da Congada de São Benedito de Cotia, foi convidado para participar de uma prova de corrida de rua. “Eu fui, mesmo nunca tendo treinado e nem nada do tipo. Nunca tinha corrido na vida.”, conta.
Neto percorreu os 5 quilômetros da prova e, quando atravessou a linha de chegada, a emoção foi inevitável. “Eu desabei de emoção. Começou a passar um filme na minha cabeça, da minha vida sedentária, de até pouco tempo atrás, e agora, passando pelo pórtico junto com centenas de atletas. A partir daí, me apaixonei pela corrida.”, declara.
O jornalista não parou mais. Neto começou a treinar com a equipe MDP (Malucos do Pedal), que além de ciclistas, reúne também corredores. No período de 7 meses (maio a dezembro de 2024), participou de sete provas de corrida de rua. Ele também treina, pelo menos, 5 vezes por semana.
Neto, em uma das provas de corrida de rua que participou em SP. Foto: Fotop / Reprodução |
NA LUTA CONTRA OS REMÉDIOS
Era a hora de retornar ao psiquiatra. Neto relatou ao médico toda a mudança que a prática esportiva tinha produzido em sua vida.
O doutor então suspendeu uma das medicações com a orientação para observar se houvesse algum sintoma. “Deixei de tomar e não senti nada. Puts! Um passo importante! Um medicamento a menos. Mas ainda faltava um, o mais difícil". Porém, não demorou muito para ele conseguir largar o segundo medicamento.
No final de dezembro de 2024, Neto foi viajar para o litoral de São Paulo e esqueceu de tomar o remédio em uma noite. “No dia seguinte, percebi que meu corpo estava zerado – o que era estranho, porque sem o remédio, o efeito no dia seguinte era para ser terrível”, pontua.
Na noite seguinte, ele tomou o remédio e sentiu que seu corpo o recusou. "Fiquei lesado, nossa, um efeito colateral muito ruim. Passei o dia todo com uma sensação muito esquisita".
Ele então relatou o ocorrido para sua terapeuta, que sucintamente, explicou sobre a mudança que estava ocorrendo em seu corpo.
“Ela disse que eu consegui ficar estes dias sem a medicação porque meu corpo já não necessitava mais e já tinha voltado a produzir os neurotransmissores que me mantém estável.”, resumiu. “Ou seja, através da corrida, meu corpo produziu os neurotransmissores, que são responsáveis por várias funções no organismo, entre elas, a regulação das emoções e do humor, fazendo com que o medicamento não fosse mais necessário.”, acrescentou.
"O ESPORTE SALVA"
Já é comprovado, cientificamente, que a prática regular de exercícios traz inúmeros benefícios ao organismo: melhora o sono, a saúde cardiovascular, combate o sedentarismo e ajuda prevenir e tratar diversas doenças – e é um importante aliado da saúde mental. E Neto é apenas mais um exemplo dessa comprovação.
“Venci a ansiedade e a depressão através da corrida, mas sempre com acompanhamento terapêutico. Isso prova que o esporte salva e ajuda não só na parte física e motora, mas também na saúde mental”.