OUTRO LADO: Prefeitura de Cotia se posicionou diante da situação e deu prazo de reabertura dos espaços
Sítio do Mandú (15/12/2024). Foto: Thierry Pedroso |
As duas casas bandeiristas em Cotia encontram-se abandonadas.
A reportagem do Cotia e Cia foi neste final de semana até o Sítio do Padre Inácio, localizado na Estrada Padre Inácio, no Morro Grande, e também no Sítio do Mandu, que fica na Estrada do Sítio Mandú, no Parque Monjolo (VEJA O VÍDEO NO DECORRER DA REPORTAGEM).
Ambas edificações históricas, que marcaram parte da história de Cotia nos séculos XVII e XVIII, foram tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O Sítio do Padre Inácio foi tombado em 1951 e, o Mandu, em 1961 (veja no decorrer do texto a história de cada local).
SÍTIO DO PADRE INÁCIO
Nesse sábado (14), o repórter do Cotia e Cia, Neto Rossi, foi juntamente com o arquiteto urbanista Thierry Pedroso até o Sítio do Padre Inácio, enquanto realizavam um treino de corrida pela trilha.
Ao chegarem no local, que fica próximo à reserva do Morro Grande, se depararam com o abandono no entorno do casarão. Matos e lixos tomando conta do espaço que deveria estar minimamente preservado, levando em consideração que se trata de um ponto turístico da cidade.
O portão que dá acesso ao casarão estava trancado. Os dois bateram palmas, chamaram, mas ninguém apareceu para atendê-los.
SÍTIO DO PADRE INÁCIO
Nesse sábado (14), o repórter do Cotia e Cia, Neto Rossi, foi juntamente com o arquiteto urbanista Thierry Pedroso até o Sítio do Padre Inácio, enquanto realizavam um treino de corrida pela trilha.
Ao chegarem no local, que fica próximo à reserva do Morro Grande, se depararam com o abandono no entorno do casarão. Matos e lixos tomando conta do espaço que deveria estar minimamente preservado, levando em consideração que se trata de um ponto turístico da cidade.
O portão que dá acesso ao casarão estava trancado. Os dois bateram palmas, chamaram, mas ninguém apareceu para atendê-los.
Sítio do Padre Inácio (15/12/2024). Foto: Cotia e Cia |
“MEUS BISAVÔ E AVÔ FORAM CASEIROS”
Cotia e Cia publicou, no sábado, um vídeo em que mostra o abandono do Sítio do Padre Inácio. Ao ver as imagens, a internauta Stefane Bernini Dos Santos comentou que seu bisavô e depois seu avô foram caseiros do sítio, até o Iphan anunciar a presença de vigilantes no local.
“O Iphan anunciou que não teria mais ‘sucessores’ de caseiros, e sim vigilantes. Desde então, o Sítio do Padre Inácio foi sendo esquecido, até chegar nesta situação. Nosso museu é tombado como patrimônio histórico, obrigação do estado cuidar e do município fiscalizar, responsabilidades que não vemos de nenhum dos lados! Lamentável essa situação”, escreveu Stefane.
SÍTIO DO MANDÚ
No domingo (15), Neto e Thierry foram até o Sítio do Mandú, para ver em que estado se encontrava a casa bandeirista. E o que encontraram foi mais uma vez o abandono do local, com enorme matagal tomando conta e uma parte do terreno sendo usada para descarte irregular de lixos, entulhos e até móveis.
Cotia e Cia publicou, no sábado, um vídeo em que mostra o abandono do Sítio do Padre Inácio. Ao ver as imagens, a internauta Stefane Bernini Dos Santos comentou que seu bisavô e depois seu avô foram caseiros do sítio, até o Iphan anunciar a presença de vigilantes no local.
“O Iphan anunciou que não teria mais ‘sucessores’ de caseiros, e sim vigilantes. Desde então, o Sítio do Padre Inácio foi sendo esquecido, até chegar nesta situação. Nosso museu é tombado como patrimônio histórico, obrigação do estado cuidar e do município fiscalizar, responsabilidades que não vemos de nenhum dos lados! Lamentável essa situação”, escreveu Stefane.
SÍTIO DO MANDÚ
No domingo (15), Neto e Thierry foram até o Sítio do Mandú, para ver em que estado se encontrava a casa bandeirista. E o que encontraram foi mais uma vez o abandono do local, com enorme matagal tomando conta e uma parte do terreno sendo usada para descarte irregular de lixos, entulhos e até móveis.
Estrada que dá acesso ao Sítio do Mandú mais parecia um lixão à céu aberto. Foto: Cotia e Cia |
Desta vez, os dois foram atendidos por um vigilante, que toma conta do local. Funcionário de uma terceirizada do governo do estado, ele disse que o espaço estava daquela forma há anos e que a casa não estava aberta para visitações. Questionado, ele não soube informar o prazo para reabrirem o sítio ao público.
Vale ressaltar que, em 2006, o Sítio do Mandú foi entregue à Prefeitura, que ficou responsável pela manutenção do local.
Vale ressaltar que, em 2006, o Sítio do Mandú foi entregue à Prefeitura, que ficou responsável pela manutenção do local.
VEJA ABAIXO O VÍDEO DA REPORTAGEM NOS DOIS SÍTIOS
O QUE DIZ A PREFEITURA DE COTIA
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Cotia, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Lazer, informou que os dois sítios em questão são de propriedade do Iphan e são imóveis tombados pelo Patrimônio Histórico.
Por orientação do próprio Iphan, de acordo com a secretaria, o Sítio do Mandú está momentaneamente fechado para visitação, com previsão de reabertura para o primeiro semestre de 2025 em uma ação cooperada e de parceria com a Prefeitura de Cotia.
No local, conforme a pasta, serão realizadas visitas monitoradas, atividades culturais e eventos "que valorizem a cultura, a história e o turismo local".
"Oportuno mencionar que a Secretaria de Cultura e Lazer de Cotia conquistou, junto ao governo federal, recursos do PAC - na ordem dos R$ 140 mil - que serão utilizados no restauro do Sítio do Padre Inácio e, assim que os trabalhos estiverem concluídos e, com a liberação do Iphan, o local também se transformará em um polo de turismo histórico e cultural de Cotia", destacou.
Em ambos os sítios, a secretaria disse que há segurança 24h, todos os dias. "Há uma casa na parte do fundo do Sítio do Padre Inácio onde o segurança permanece nos momentos em que não está circulando pelo local", completou.
O QUE DIZ O IPHAN
Após publicação desta reportagem, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informou, por meio de nota, que possui parceria com a Prefeitura de Cotia para realização de serviços de manutenção e conservação da edificação.
O Iphan disse que espera, no início de 2025, se reunir com a administração municipal para dar seguimentos às próximas ações. "Atividades de roçagens e limpeza das Casas Bandeiristas Sítio Mandu e Sítio Padre Inácio estão previstas para o início do ano que vem", afirmou.
Atualmente, de acordo com o instituto, os monumentos "estão em boas condições estruturais, conservados interna e externamente, porém devem ser dotados de infraestrutura para receber o público visitante, como banheiros, mobiliários, estrutura hidráulica e elétrica, entre outros".
"O objetivo do Iphan é transformar estes espaços em Casa de Patrimônio, para desenvolver ações de educação patrimonial. Para isso, o Instituto buscará parceiros dispostos a realizar programas que revigorem e valorizem a importância do bem histórico-cultural", finalizou a nota.
Atualmente, de acordo com o instituto, os monumentos "estão em boas condições estruturais, conservados interna e externamente, porém devem ser dotados de infraestrutura para receber o público visitante, como banheiros, mobiliários, estrutura hidráulica e elétrica, entre outros".
"O objetivo do Iphan é transformar estes espaços em Casa de Patrimônio, para desenvolver ações de educação patrimonial. Para isso, o Instituto buscará parceiros dispostos a realizar programas que revigorem e valorizem a importância do bem histórico-cultural", finalizou a nota.
CASARÕES MARCAM PARTE DA HISTÓRIA DE COTIA
Tanto o Sítio do Padre Inácio quanto o Sítio do Mandu marcaram parte da história de Cotia. Os casarões estão separados a cerca de 11 quilômetros um do outro. As construções remetem aos séculos XVII e XVIII.
Ambas foram erguidas em taipa de pilão, técnica usada no período colonial que consiste em comprimir a terra em formas de madeira.
Por dentro do casarão do Sítio do Padre Inácio. Foto tirada há 11 anos pelo arquiteto Thierry Pedroso |
Para erguer uma parede era necessário montar uma forma com tábuas (chamada de taipais) e no seu interior era colocada uma mistura com terra úmida, areia ou argila, fibras vegetais, sangue de gado, crinas de animais e estrume. Depois, a mistura era “socada” com os pés ou um pilão e colocada nas formas.
Os locais, segundo dados históricos, serviam como paradas para descanso dos bandeirantes antes de retomarem suas viagens. Eles passavam pela região acessando antigas trilhas indígenas em direção ao interior e sul do país em busca de ouro, prata e diamantes.
QUEM FOI PADRE INÁCIO
A sede do Sítio do Padre Inácio foi construída em fins do século XVII. Teve como primeiros proprietários o juiz de órfãos Roque Soares de Medela e Luzia Leme, tia do padre Inácio Francisco Amaral, nascido em 1753.
Os locais, segundo dados históricos, serviam como paradas para descanso dos bandeirantes antes de retomarem suas viagens. Eles passavam pela região acessando antigas trilhas indígenas em direção ao interior e sul do país em busca de ouro, prata e diamantes.
QUEM FOI PADRE INÁCIO
A sede do Sítio do Padre Inácio foi construída em fins do século XVII. Teve como primeiros proprietários o juiz de órfãos Roque Soares de Medela e Luzia Leme, tia do padre Inácio Francisco Amaral, nascido em 1753.
Chaves das portas do Sítio do Padre Inácio. Foto: Arquivo pessoal / Thierry Pedroso |
Segundo os registros, Inácio foi morar no sítio após ficar viúvo. Depois de alguns anos decidiu seguir pelo caminho do sacerdócio, tornando-se padre aos 57 anos de idade.
Inácio morreu aos 95 anos e a propriedade continuou em posse da família por mais 45 anos. Depois foi vendida para uma família de imigrantes alemães. Mas a figura do Padre Inácio continua associada à casa e assim permanece até hoje.
Inácio morreu aos 95 anos e a propriedade continuou em posse da família por mais 45 anos. Depois foi vendida para uma família de imigrantes alemães. Mas a figura do Padre Inácio continua associada à casa e assim permanece até hoje.
(ESSA REPORTAGEM FOI ATUALIZADA ÀS 19H55 DO DIA 17/12/2024 COM A NOTA DO IPHAN)