“Não temos para onde ir”: família vive drama após prédio com rachaduras ser interditado

Cristiane Soares continua morando no apartamento, em Cotia, junto com seu marido, sua filha de 14 anos e mais dois gatos; outras 12 famílias também foram afetadas

Caso ocorre no condomínio Duo Granja Viana. Foto: SBT / Reprodução 

Das 13 famílias que tiveram seus apartamentos interditados por apresentarem rachaduras em sua estrutura, duas não têm para onde ir e continuam morando no local. O caso ocorre em um dos prédios do condomínio Duo Granja Viana, localizado na Estrada Manoel Lages do Chão, em Cotia.

O bloco foi interditado pela Defesa Civil na última sexta-feira (25). O Auto de Notificação para Desocupação de Área foi emitido pela Secretaria Municipal de Habitação e Urbanismo. O documento solicitou aos moradores que desocupassem o local de forma imediata, até que a estrutura do prédio seja reformada com as devidas manutenções.

No entanto, diante da situação, a família de Cristiane Soares, que mora em um desses apartamentos, não tem para onde ir. Em entrevista ao Cotia e Cia nesta quarta-feira (30), Cristiane relatou que ficou em choque quando recebeu a notícia sobre a interdição do prédio.

“Eu não tenho para onde ir. A única irmã que eu tenho, o apartamento dela é pequeno. A casa da minha mãe está alugada. Por isso, a gente ainda está lá no prédio. Estou procurando casa ou apartamento para sair de lá”, disse.

Cristiane mora com seu marido, sua filha de 14 anos e mais dois gatos. Ela conta que desde que recebeu a notícia, não consegue mais dormir direito. “Desde sexta eu não durmo direito. Achei que fosse infartar porque senti meu pescoço doendo muito, uma pressão no peito, eu consegui dormir mesmo de segunda para terça sob base de calmante.”

“Ficar no apartamento, sabendo que estou correndo o risco, é desesperador. A minha ansiedade está muito forte. Está muito difícil para todos nós. A gente nunca se prepara para algo de imediato. Não é fácil arranjar outro apartamento, não é fácil ter dinheiro para alugar outro imóvel, mas estou indo atrás”


“Um sonho que virou pesadelo. A gente trabalha, é luta atrás de luta, e acontece essas coisas com a gente. É muita injustiça”, desabafa.

OUTRO LADO

A empresa responsável pela construção do empreendimento é a Atec Empreendimentos. Cotia e Cia fez contatos por e-mail e rede social, mas não houve retorno dentro do prazo estipulado.

O QUE DIZ A SECRETARIA DE HABITAÇÃO DE COTIA

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Habitação e Urbanismo de Cotia informou que recebeu uma solicitação para realizar uma vistoria no bloco 2 do Condomínio Duo Granja Viana, na última sexta-feira.

No local, após inspeção visual pelo engenheiro responsável, a pasta disse que verificou-se a presença de várias rachaduras na região central, ao longo de todos os pavimentos do edifício. "Ademais, o síndico informou que essas rachaduras estavam aumentando e que estavam escutando estalos provenientes da estrutura", disse.

Ainda de acordo com a secretaria, apesar da posição das rachaduras não indicarem possível colapso global do prédio em virtude de recalque, entendeu-se que a conjuntura dos indícios verificados poderia "apontar para um cenário com possibilidade de rápido agravamento nessas rachaduras com consequente colapso local de estruturas (parede ou laje, por exemplo)".

"Assim, para evitar que qualquer morador pudesse ser atingido por eventual colapso local de alguma estrutura (parede ou laje, por exemplo), entendeu-se pela necessidade de interdição do bloco até que a construtora responsável realizasse as reformas estruturais de manutenção ou até que ela emitisse Laudo com ART atestando a segurança total da estrutura", concluiu.
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