“Mataram ele sem sentido”, diz companheira de homem morto pela PM durante abordagem

Paulo Roberto, 39, foi morto com 4 tiros no peito na noite de ontem (18), em Cotia; Paulo estava desarmado; ao Cotia e Cia, companheira da vítima contou mais detalhes

Paulo Roberto Nascimento foi morto aos 39 anos durante abordagem da PM em Cotia. Foto: Arquivos Pessoais

A companheira de Paulo Roberto Nascimento diz não entender o motivo de seu assassinato. Na noite desse domingo (18), Paulo foi morto com 4 tiros no peito durante abordagem da Polícia Militar. O caso aconteceu na Avenida Brasil, no Jardim Monte Santo, em Cotia.

“Estou tentando raciocinar o que aconteceu. Paulo não era bandido. Não era envolvido com o crime. Estava com ele há mais de um ano. Nesse tempo, ele nunca deixou de trabalhar”, disse a mulher, que pediu para não ser identificada.

Em entrevista ao Cotia e Cia na tarde de hoje (19), ela contou que Paulo tinha ido em uma adega comprar um vinho. “Eu o esperei em casa. Cerca de 3 minutos depois, ouço os tiros. Mas até então, não sabia que era ele”, conta.

O barulho dos disparos chamou a atenção dos vizinhos. O local da ocorrência foi isolado. O caso aconteceu por volta das 18h50, conforme registro policial.

A companheira da vítima disse que se aproximou do local e viu o corpo de Paulo no chão, perfurado de balas. Naquele momento, ela não imaginava que os tiros tinham partido das armas dos próprios policiais. “Eu não imaginava que tinha sido a polícia. Passaram mil coisas pela minha cabeça, se ele estava com briga com alguém ou algo do tipo”, conta.

“Se ele roubasse, traficasse, mexesse com coisa errada, eu ia entender essa morte dele, mas ele era trabalhador, não merecia ter levado quatro tiros no peito. Igual está no BO, deram ordem para abordar ele e ele não acatou, isso é motivo para dar 4 tiros numa pessoa?”, questiona.

"Paulo era da casa do serviço, do serviço para casa. Ele estava praticamente morando comigo. Ele nunca mexeu com nada de errado. Nunca foi envolvido com nada. Eu não consigo entender o porquê fizeram isso com ele. Mataram ele sem nenhum sentido."


O QUE DIZ A PM

Os próprios policiais militares envolvidos na ocorrência disseram que Paulo estava desarmado. Em depoimento na delegacia, os agentes relataram que foram acionados para atender um chamado de disparos de arma de fogo em via pública e que, ao chegarem no local, visualizaram um homem segurando uma mochila pela alça e com a outra mão na cintura.

Ao se aproximarem, os policiais disseram que abordaram o homem e pediram para ele levantar as mãos. Segundo os PMs, ele não acatou a ordem e permaneceu com a mão na cintura. Os policiais disseram que havia um volume na cintura do suspeito, que teria feito um movimento como se fosse pegar algo.

Os policiais relataram que, quando o suspeito fez o movimento com a mão na cintura, eles dispararam três vezes. Os tiros acertaram o rapaz em cheio. Na cintura do indivíduo, que depois foi identificado como Paulo Roberto Nascimento, de 39 anos, os PMs encontraram uma pochete, um celular e outros objetos, porém, não foi encontrada nenhuma arma de fogo.

Paulo Roberto chegou a ser socorrido ao Hospital Regional de Cotia, mas não resistiu aos ferimentos.

INVESTIGAÇÃO

A Polícia Civil de Cotia, considerando que possa ter ocorrido erro de avaliação na conduta dos policiais militares, vai apurar o caso em inquérito.

A investigação contará com a busca de câmeras no local dos fatos, bem como análise detalhada das imagens das câmeras corporais dos policiais envolvidos e dos resultados dos laudos periciais requisitados.

A Corregedoria da Polícia Militar também foi cientificada do caso.
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