Daniel Mastral, encontrado morto no domingo, tinha perdido filho de 15 anos e a mulher

O corpo de Mastral estava caído em uma área de mata, com ferimento na cabeça

Foto: Arquivo pessoal 

O escritor Daniel Mastral, de 57 anos, que foi encontrado morto na Aldeia da Serra, em Barueri, na noite desse domingo (4), havia perdido o filho de 15 anos, em 2018, e sua esposa, dois anos e meio depois.

O corpo de Mastral estava caído em uma área de mata, com ferimento na cabeça. Segundo a Polícia Civil, moradores da região ouviram um “estampido”. O local foi preservado pela Guarda Municipal de Barueri. O caso foi registrado como suicídio.

FILHO COMETEU SUICÍDIO

Em dezembro de 2018, o filho de Daniel Mastral, de 15 anos, que tinha depressão, tirou a própria vida em uma plataforma de trem. Daniel e a esposa compartilhavam nas redes detalhes da luta que enfrentavam para ajudar o filho, que já havia tentado o suicídio anteriormente.

"A ordem natural da vida se alterou! Nenhum pai ou mãe gostaria de passar por isso, nunca! Não há palavras para mensurar a dor de todos neste momento. Fizemos tudo que podíamos. Mas, nosso Mikhael foi morar na Jerusalém Celestial, na Morada Eterna, onde não há mais dor e nem sofrimentos. E um dia estaremos juntos! Te amaremos para sempre 15/02/2003 – 22/12/2018”,
escreveu.

Na época, Daniel usou seu canal no Youtube para compartilhar detalhes da luta e disse que ele e a mulher também estavam sob medicação para suportar a fase e que todos eles precisavam de orações.

Daniel contou que na manhã do dia 22 de dezembro, não viu o filho ao acordar e notou que o adolescente havia saído sem documentos e sem o celular. Preocupado, o escritor saiu à procura do filho sem falar nada à mulher. Em contato com parentes, saiu atrás do filho com ajuda de familiares em uma área de mata existente próximo à sua casa, mas não o acharam.

Horas depois, usando o Facebook de Mikhael, Daniel informou o desaparecimento do filho e pediu informações aos amigos dele. Um irmão que é policial ajudou o escritor a registrar um boletim de ocorrência e da delegacia foram a um hospital onde havia o relato de uma pessoa que havia sido atendida no setor de psiquiatria por ter testemunhado um suicídio horas antes na plataforma de uma estação de trem.

De lá, eles partiram para o Instituto Médico Legal (IML), onde Daniel reconheceu o corpo do filho. Chocado, o escritor contou que desejou cremar o corpo do menino para livrar-se logo da dor, mas não foi possível porque em casos de suicídio o sepultamento é obrigatório. O corpo do adolescente foi colocado em caixão lacrado e enterrado no dia 23 de dezembro.

MORTE DA ESPOSA

No dia 30 de junho de 2021, a esposa de Daniel, a escritora Isabela Mastral, veio à óbito. Ela foi vítima de uma parada cardíaca em um infarto agudo do miocárdio. Daniel explicou que Isabella enfrentava depressão pós-traumática devido à perda do filho, Mikhael.

“Quando o perdemos, ficamos só eu e minha esposa. Ambos sendo tratados de depressão pós-traumática. Quando um estava abatido, o outro estendia a mão. Melhor serem dois do que um. Porém, por razões que não compreendo, minha esposa foi tirada de mim”, disse, na época.

O escritor contou que o quadro de Isabela havia melhorado, mas ela passou por um período de rebaixamento.

Daniel detalhou na ocasião que chegou a aferir a pressão, a saturação e a temperatura da esposa pouco antes da morte de Isabela e que, ao constatar que a oxigenação dela estava em 85, chamou a ambulância e a levou para o pronto-socorro. Isabela chegou à unidade de saúde já com parada cardíaca e foi à óbito às 17h15. Os médicos tentaram reanimá-la por 45 minutos, mas não tiveram êxito.

Perdi meu amigo e, agora, minha parceira, a guerreira que sempre esteve ao meu lado. Como prosseguir? Ainda não sei. Vou tentar honrar meus compromissos e manter a mente ocupada… Mas, agora, mais do que nunca, preciso de suas orações e também do “colo” de Deus e de vocês… Me sinto sozinho. A casa está silenciosa… Não tenho mais com quem comentar os programas de TV… Perder um filho é um pesadelo. Perder também a esposa é como o pior dos pesadelos. Conto com suas preces, seu apoio, [sua] compreensão, [os] joelhos dobrados, [as] mãos estendidas, e que continuem nos ajudando a espalhar a mensagem do céu. Este soldado que vos escreve está muito ferido, abatido, mas ainda não [está] derrotado

 

 

 

Postagem Anterior Próxima Postagem