Adair Marques concedeu entrevista ao Cotia e Cia após uma comerciante de Cotia ter sido vítima nesta semana de um estelionatário
Foto: Agência Brasil |
Nesta semana, uma comerciante de Cotia foi vítima de um golpe chamado de “falso integrante do PCC” - VEJA AQUI.
Em suma, assim como em outros estelionatos, os criminosos entram em contato por ligação ou mensagem. Em posse de dados pessoais da vítima, identificam-se como membros da facção criminosa e fazem ameaças em troca de Pix.
“O criminoso disse que já tinha pedido [dinheiro] nos comércios ao redor e faltava o meu. Daí, pediram um valor e eu fiz em Pix. Mas eles continuaram pedindo mais dizendo que iriam atrás de mim [...] que poderiam me sequestrar, mas preferiram pedir para liberar os caras e que amanhã, às 8h, iam no meu estabelecimento devolver”, relatou ao Cotia e Cia.
A vítima detalhou ainda que o criminoso chegou a citar apelidos e nomes de supostos advogados e de membros da facção. No final, ela chegou a transferir um valor de R$ 4 mil.
DELEGADO FAZ ALERTA
Em entrevista ao Cotia e Cia, o delegado de Cotia e especialista em investigação de crimes virtuais, Adair Marques, detalhou que os criminosos estão agindo de diversas maneiras para enganar as vítimas. Seja se passando por familiar, ou por criminoso, o objetivo é sempre o mesmo: obter a vantagem financeira e prejudicar a pessoa.
“O criminoso normalmente explora o medo, a desatenção e ganância das vítimas. Medo, se passando por criminoso e ameaçando a vítima; desatenção, se passando pelo filho, pelo irmão, e pedindo pagamento por PIX; e ganância quando oferece pela internet investimentos muito rentáveis, às vezes totalmente fora da realidade”, explicou.
Adair orienta que as pessoas não tomem decisões e nem ações precipitadas. E, independentemente do modus operandi, o estelionatário usa da ameaça apenas para amedrontar as vítimas.
“O estelionatário não vai atrás da vítima. Ele prefere se esconder atrás de um celular, de um computador. Esse é seu modo de agir. Por isso, não há motivo para medo”, explica.
“Orientamos a registrar boletim de ocorrência para que os casos sejam investigados e que a polícia possa combater essa modalidade de crimes”, conclui.
O QUE SÃO OS CRIMES VIRTUAIS
Os crimes virtuais são todos aqueles praticados em ambiente cibernético, tanto aqueles que visam atingir o sistema de um computador, como a parte física ou os dados, os que buscam o patrimônio da vítima, bem como aqueles que se utilizam da internet apenas para executar outros crimes, como a calúnia, o terrorismo, a pornografia infantil e a discriminação.
A legislação brasileira através da Lei 12.737/2012 – Lei Carolina Dieckman, juntamente com a Lei 12.965/2014, o Marco Civil da Internet, permite o enquadramento de crime virtual pelo prisma da responsabilidade civil e criminal.
De acordo com o relatório mais recente da Symantec, conhecida pelo antivírus Norton, aproximadamente 65% dos adultos globalmente já foram vítimas de crimes virtuais, com uma taxa alarmante de 76% no Brasil.
A predominância desses crimes está associada ao uso de vírus de computador, que representa 53% dos casos reportados. No entanto, há outros tipos de crimes notáveis, como fraudes online (10%), assédio sexual (7%) e golpes com cartão de crédito (7%).
“Esses crimes não afetam apenas o patrimônio das vítimas, causando perdas financeiras substanciais, mas também violam sua privacidade, comprometem sua reputação, imagem e até mesmo sua liberdade sexual. As consequências vão além do dano imediato, afetando o bem-estar emocional e psicológico das vítimas”, diz artigo publicado no site Jus Brasil.