Pedágios, novos viadutos, impactos ambientais: os 5 pontos da privatização da Raposo Tavares

As principais intervenções do projeto Nova Raposo incluem a construção de marginais contínuas e a 4ª faixa da capital até Cotia; governo aponta medidas para diminuir os impactos ambientais; veja

Nova Raposo: Foto: Governo de SP 

O Governo de São Paulo aprovou, nessa quarta-feira (3), a modelagem final e autorizou a publicação dos editais de concessão do lote Nova Raposo, que prevê a construção de marginais e pedágios entre Cotia e a capital paulista.

Ao todo, o projeto abrange 10 cidades da região metropolitana de São Paulo. O foco principal, de acordo com o governo, é resolver gargalos principalmente no trecho urbano da Raposo Tavares.

O investimento do projeto está na casa dos R$ 7,1 bilhões. Ao todo, serão mais de 90 quilômetros de rodovia revitalizados.

As principais intervenções incluem a construção de marginais contínuas e a quarta faixa da capital até Cotia. Além disso, a região de Embu das Artes ganhará uma “alça externa” no trecho oeste do Rodoanel, aliviando o tráfego na região.

“A maior contribuição é a criação das vias marginais, pleito da população que reside entre São Paulo e Cotia. Estamos fazendo isso de maneira inteligente, criando uma espécie de avenida lateral na Raposo, justamente para separar o tráfego urbano”, afirma o secretário de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini.

Segundo ele, os investimentos serão em melhorias como duplicações, faixas adicionais, túneis, viadutos, implantação e requalificação de marginais, passarelas e dispositivos em desnível, entre outros. Também são previstos serviços de guincho, socorro mecânico, atendimento pré-hospitalar e instalação de centros de atendimento, além de implantação de wi-fi, iluminação e painéis de mensagens.

A previsão é que o edital de concessão seja publicado pelo Governo de São Paulo neste mês de julho. O contrato será válido por 30 anos.

OS 5 PONTOS DA PRIVATIZAÇÃO DA RAPOSO TAVARES


VIAS MARGINAIS E 4ª FAIXA

O trecho da Raposo Tavares entre a capital e Cotia é um dos mais movimentados da rodovia por absorver também o fluxo urbano. O governo visa melhorar o tráfego com a implantação de vias marginais e quarta faixa.

Rafael Benini explica que, atualmente, o local conta com diversos acessos próximos entre eles, o que aumenta as chances de acidentes. Segundo o secretário, com a instalação das marginais, os acessos passarão a ser feitos fora da via expressa.

“Na marginal, a velocidade será reduzida para diminuir o número de acidentes. Com isso, conseguimos manter a velocidade da via expressa da Raposo para chegar de Cotia a São Paulo. Não é uma questão só de fluidez, é de segurança”, afirma.

Além disso, os pontos de ônibus, que hoje ficam na rodovia, serão deslocados para essa “via urbana”. O projeto ainda prevê passarelas, pontos de ônibus e nova iluminação.

ACESSO A BAIRROS DA CAPITAL

Um dos principais gargalos da Raposo é o alto volume de veículos nos acessos de bairros residenciais da capital como Butantã e Alto de Pinheiros. O projeto prevê a melhoria do tráfego nesses locais, com acesso ligando a avenida Escola Politécnica com a Marginal Pinheiros e outro na chegada ao Butantã. Isso, segundo a projeto, “aliviaria o tráfego na rodovia”, uma vez que cerca de 30% do fluxo chega via Politécnica.

A medida foi estruturada, de acordo com o governo, após consulta pública. Com isso, um viaduto que antes era previsto entre a avenida Valentim Gentil e Alto de Pinheiros foi retirado do projeto.

Além disso, o projeto aponta que a região da ponte Eusébio Matoso, que liga o Butantã e Pinheiros, também terá maior fluidez com a opção de novos viadutos para distribuição do tráfego. Na chegada ao Butantã, haverá intervenções para ampliação da alça da rua Alvarenga e a construção de valas e túneis na rua Sapetuba, para eliminar os cruzamentos em nível.

PEDÁGIOS

O projeto Nova Raposo prevê 6 pedágios no modelo free flow, com cobrança automática sem praças físicas, entre Cotia e São Paulo.

O trecho, no entanto, contará com vias marginais onde não será realizada a cobrança tarifária. Serão 48 quilômetros de marginais contínuas. A cobrança, portanto, como indica o projeto, vai incidir aos motoristas que circularem pelas vias expressas.

DESAPROPRIAÇÃO E IMPACTOS AMBIENTAIS

As intervenções previstas pela concessão da Nova Raposo vão exigir desapropriações de áreas próximas à rodovia, a estimativa atual do projeto é de 300 mil m². Para diminuir impactos, o governo apontou algumas medidas a serem tomadas.

Uma delas é o deslocamento do eixo da rodovia. “Se eu tenho uma quantidade de árvores de um lado que preciso preservar, vou projetar a rodovia para outro lado, para desapropriar, por exemplo, um estacionamento e não uma área verde”, explica a Diretora Econômica Financeira da Companhia Paulista de Parcerias (CPP), Raquel França Carneiro.

A diretora ressalta que, neste momento, o governo apresenta apenas um estudo referencial. Posteriormente, a concessionária vencedora do leilão fará o projeto executivo, para o qual será necessário um novo estudo de desapropriações e os devidos licenciamentos socioambientais.

“Todo o processo contará com o acompanhamento da Cetesb, a autoridade ambiental do estado, com ampla participação da sociedade por meio de audiências públicas. As ações serão acompanhadas de exigências como o pagamento de indenizações ou dos lucros cessantes de comércios, além de ações compensatórias”, disse Raquel.

CONSULTAS PÚBLICAS

O governo informou que o projeto Nova Raposo teve mais de 30 dias de consulta pública e duas audiências presenciais realizadas. Ao todo, segundo o governo, a consulta pública rendeu mais de 1.800 contribuições para melhorias do projeto. Após a análise das sugestões, será definido o projeto a ser concedido à iniciativa privada.

Além disso, o governo paulista disse que fez rodadas de reuniões e conversas sobre o projeto com as prefeituras envolvidas, movimentos da sociedade civil e outros atores interessados.
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