MP denunciou 26 investigados na Operação Fim da Linha
Foto: MPSP / Divulgação |
Investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP) mostra que o Primeiro Comando da Capital (PCC) aportou R$ 54 milhões, obtidos com tráfico de drogas e outros crimes, para permitir que a empresa de ônibus Transwolff participasse da licitação do transporte público na capital paulista.
O esquema para lavar dinheiro do PCC foi detalhado em denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, no âmbito da Operação Fim da Linha, contra 10 pessoas ligadas à Transwolff.
O Gaeco ofereceu denúncia contra 26 envolvidos no esquema pelos crimes de organização criminosa, lavagem de capitais, extorsão e apropriação indébita.
INVESTIGAÇÕES
De acordo com o que foi apurado pelos promotores, entre 2014 e 2024, Silvio Cebola e Décio Português, já condenados no âmbito da Operação Sharks por tráfico de drogas, injetaram mais de R$ 20 milhões em recursos obtidos por meio de atividades ilícitas em uma cooperativa da zona leste que viria a se transformar na Upbus, viabilizando assim a participação da empresa na concorrência promovida pela Prefeitura de São Paulo, em 2015, para apontar os responsáveis por diversos lotes de linhas de ônibus.
Segundo o MP, Cebola integrava a sintonia geral do PCC, setor da facção criminosa que coordena as atividades de tráfico. Ele e Décio Português integravam o quadro societário da Upbus, bem como Cara Preta e Django, dois integrantes do PCC que foram mortos em virtude de disputas internas no âmbito da facção.
No caso da TW, que opera na zona oeste da capital e em algumas cidades do Vale do Ribeira, o acusado identificado como Pandora e outros nove denunciados, entre 2008 e 2023, "constituíram e integraram uma organização criminosa e utilizaram o grupo econômico TW/COOPERPAM para cometer os crimes de apropriação indébita, extorsão, lavagem de bens, direitos e valores, e fraudes licitatórias".
De acordo com as investigações, eles lavaram cerca de R$ 54 milhões de dinheiro do crime, especialmente oriundo do tráfico de drogas, utilizando-se da empresa de transporte, que também precisava de recursos para se qualificar à licitação que definiu a permissionária responsável por um lote de linhas da zona oeste.
Os promotores apontam na denúncia que os cooperados sofreram "grave ameaça contra a vida e contra a integridade física", abdicando assim dos seus direitos e do seu patrimônio, que foi incorporado de forma ilegal pelos membros do PCC que controlam a TW.
Foram sequestrados bens móveis e imóveis em valor proporcional ao faturamento anual de ambas as empresas, superior a 800 milhões de reais, a fim de assegurar o ressarcimento a título de dano moral coletivo.
Foram ainda compartilhadas informações com os órgãos de controle para apuração de eventuais atos de improbidade administrativa, infrações da lei anticorrupção e de defesa da concorrência. Ambas as empresas sofreram intervenção do município.
As denúncias estão fundamentadas em análises bancárias, fiscais, telemáticas, societárias e patrimoniais, bem como em relatórios e informações dos Tribunais de Contas do Estado e do Município de São Paulo.