Segundo a PM, internos bebiam água misturada com barro e eram torturados sempre que desobedeciam ordens da direção; local foi lacrado após denúncia; veja a reportagem
Clínica clandestina foi lacrada em Itapevi. Foto: Polícia Civil |
Reportagem: Neto Rossi
Uma clínica de recuperação clandestina para dependentes químicos, localizada na Vila Belmira, em Itapevi, foi lacrada nesse domingo (5) após denúncias de maus-tratos. O local não tinha nome e nem documentação. Também não havia médicos ou enfermeiros no momento da ocorrência.
A Polícia Militar recebeu uma denúncia anônima, adentrou o local e constatou diversas irregularidades. Segundo a PM, as vítimas eram mantidas com alimentação controlada, sem qualquer assistência médica, com limite de um minuto para higiene pessoal, “em um local completamente sem estrutura para atender os mais de 60 dependentes químicos”.
Ainda de acordo com a PM, as vítimas disseram que eram submetidas à tortura sempre que desatendiam qualquer ordem da administração do estabelecimento. Inclusive, segundo a polícia, alguns internos apresentavam lesões, atribuídas às sessões de agressão física a que foram submetidos no local.
“Um dos indivíduos chegou a relatar que sofreu agressões físicas há apenas dois dias, como medida corretiva, em razão de não ter atendido a uma ordem de um dos monitores do local”, relatou a PM.
ÁGUA COM BARRO
Os policiais militares disseram ainda que os internos não tinham água potável. Os agentes encontraram dentro da clínica clandestina um galão de 20 litros que tinha uma coloração marrom, que se tratava de barro misturado com água.
Questionados, os dependentes químicos, que deveriam estar no local para tratamento, relataram aos policiais que passavam fome e que bebiam “aquela água barrosa”.
CLÍNICA SEM NOME
A clínica de recuperação não tinha nome. Um homem, que se identificou como diretor do espaço, disse aos PMs que o local é novo, que não tinha nome nem documentos, “porque estava em processo de regularização”.
A Guarda Civil e o fiscal de postura do município também foram acionados e o local foi lacrado.
Os pacientes foram levados à delegacia para prestar depoimento, assim como os dois investigados, que foram liberados em seguida.
Os mais de 60 pacientes foram entregues aos seus familiares e/ou transferidos para outras clínicas de reabilitação.
Foram solicitados exames periciais ao IC e ao IML e o caso, registrado como maus tratos e tortura na Delegacia de Itapevi.
Cotia e Cia não conseguiu contato com nenhum responsável pela clínica. Porém, o espaço desta reportagem continua aberto para manifestações.