Crescimento populacional e tentativas de desarticulação da ‘cracolândia’ estão entre as razões apontadas pela administração municipal; veja a reportagem
Totem de segurança da Prefeitura de Cotia instalado no centro da cidade. Foto: Vagner Santos |
Reportagem: Neto Rossi
Nesta terça-feira (31), após publicação da reportagem do Cotia e Cia, que fez um levantamento no quadro da segurança pública da cidade nos últimos 20 anos, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Segurança do município, enviou uma nota apontando quatro razões para justificar o recorde de crimes de 2002 a 2022 (o conteúdo da nota você lê mais abaixo).
De acordo com o levantamento da reportagem, baseado nas estatísticas de criminalidade divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), a cidade de Cotia registrou, no ano passado, recorde nos números de roubos de carga e furtos de veículos.
Segundo o levantamento, foram 116 registros de boletins de ocorrência de roubos de carga nas delegacias da cidade, em 2022. O número representa um aumento de 22% em comparação com 2021, que teve a marca de 95 roubos. O ano que mais se aproximou foi 2018, que teve 103 registros deste tipo de crime. Veja o gráfico abaixo:
Em relação aos furtos de veículos, Cotia encerrou o ano de 2022 com 462 registros desta ocorrência. É o maior número registrado desde 2002.Veja o gráfico abaixo:
A reportagem ainda mostrou que o número de vítimas de homicídio em Cotia em 2022 foi o maior registrado desde 2016. Veja abaixo a relação:
2016 – 10 vítimas de homicídio
2017 – 31 vítimas de homicídio
2018 – 16 vítimas de homicídio
2019 – 14 vítimas de homicídio
2020 – 31 vítimas de homicídio
2021 – 17 vítimas de homicídio
2022 – 33 vítimas de homicídio
Isso sem contar o número de veículos que foram roubados. Diferentemente de furto, o roubo é quando se dá com o uso de arma de fogo ou qualquer outro meio de violência contra a vítima.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de SP, em 2022, 410 veículos foram roubados na cidade. O número representa um aumento de 76% em comparação com 2021 - que registrou 233 roubos de veículos –, de 87% em comparação com 2020 – que registrou 219 roubos – e de 5% com 2019, que registrou 390.
4 MOTIVOS PARA O AUMENTO DESSES CRIMES, SEGUNDO A PREFEITURA
Na nota enviada nesta terça-feira (31) ao Cotia e Cia, a Secretaria Municipal de Segurança Pública elencou quatro principais razões para justificar o recorde desses índices criminais apontados no levantamento da reportagem citado acima. Vamos destacar um por um abaixo e depois deixar a nota da pasta na íntegra.
CRESCIMENTO POPULACIONAL
Segundo a secretaria, o crescimento populacional da cidade é um dos fatores que contribuiu no aumento de crimes. Veja o que disse a nota:
“Com um crescimento de 28,2%, a cidade de Cotia passou de 201.150 habitantes em 2010 para 257.882 em julho de 2021, ou seja, ganhou nesse período 56,7 mil novos moradores, mais que a população inteira de Vargem Grande Paulista que possui atualmente 54,3 mil habitantes.”
PANDEMIA
A pandemia de coronavírus também ajudou a engrossar as estatísticas criminais, segundo a pasta. Veja abaixo:
“Devido ao isolamento social necessário durante a pandemia da Covid-19, houve um considerável aumento da violência doméstica, por exemplo. O fato de pessoas terem perdido o trabalho, terem dificuldade de pagar o aluguel de suas casas e o aumento de pessoas vivendo nas ruas e com fome refletem também de forma negativa neste momento de flexibilização, até mesmo porque a fome persiste em comunidades e novas dimensões da violência aumentaram no auge da pandemia e no cenário atual.”
CRACOLÂNDIA
As tentativas frustradas de desarticulação das chamadas “cracolândias” em São Paulo também contribuíram para este cenário atual, segundo a secretaria. “É notável também que essas pessoas migram para as cidades da Grande SP. As tentativas de desocupação da cracolândia não garantem o fim do fluxo de dependentes químicos. Eles saem do centro de São Paulo e se espalham sem rumo, alimentando o tráfico de drogas e, consequentemente, a criminalidade.”
DIVISA COM MUNICÍPIOS
E, por fim, a Secretaria de Segurança de Cotia destacou que a cidade, que tem grande extensão territorial, faz ainda divisa com 12 municípios e que isso “facilita a entrada, a saída e a ação de marginais”.
VEJA ABAIXO A NOTA NA ÍNTEGRA:
De acordo com os dados apresentados pelo Jornal Cotia e Cia, fazendo comparativos que relacionam o crescimento da criminalidade nos últimos seis e dez anos, afirmamos que são muitos os fatores que levam a esta evolução da violência.
O primeiro deles é o crescimento populacional. Com um crescimento de 28,2%, a cidade de Cotia passou de 201.150 habitantes em 2010 para 257.882 em julho de 2021, ou seja, ganhou nesse período 56,7 mil novos moradores, mais que a população inteira de Vargem Grande Paulista que possui atualmente 54,3 mil habitantes.
Outro ponto amplamente discutido pelos especialistas em segurança é a questão da pandemia e do período de isolamento social, que ainda reflete em nosso dia a dia. Devido ao isolamento social necessário durante a pandemia da Covid-19, houve um considerável aumento da violência doméstica, por exemplo. O fato de pessoas terem perdido o trabalho, terem dificuldade de pagar o aluguel de suas casas e o aumento de pessoas vivendo nas ruas e com fome refletem também de forma negativa neste momento de flexibilização, até mesmo porque a fome persiste em comunidades e novas dimensões da violência aumentaram no auge da pandemia e no cenário atual.
“De acordo com o levantamento, a falta de segurança alimentar continua sendo o principal problema dos mais vulneráveis, ao mesmo tempo em que cresce o uso de entorpecentes e as situações de conflito com a polícia. A nova coleta de dados aponta que os problemas materiais causados pela pandemia – como fome e dificuldade de acesso à renda e emprego – figuram novamente como os mais citados entre as lideranças comunitárias de dez regiões metropolitanas do País. Cerca de 67% das lideranças trouxeram relatos sobre fome e privação de alimentação. O acesso a trabalho e renda segue como o segundo problema mais citado, além disso, permanecem as dificuldades de acesso ao Auxílio Emergencial do governo federal, apontado por cerca de 30% dos informantes, somadas agora às angústias da população pela incerteza de continuidade do benefício. Fonte: Jornal da USP
Outro agravante são as tentativas de desarticulação da “cracolândia”. É notável também que essas pessoas migram para as cidades da Grande SP. As tentativas de desocupação da cracolândia não garantem o fim do fluxo de dependentes químicos. Eles saem do centro de São Paulo e se espalham sem rumo, alimentando o tráfico de drogas e, consequentemente, a criminalidade.
“Durante o ano de 2022, 43 furtos e 25 roubos ocorreram por dia na região da Cracolândia, no centro de São Paulo. Os dados são do 77° Distrito Policial, da Santa Cecília, e no 3° Distrito Policial, de Campos Elíseos, que atendem a área, e foram divulgados pela SSP (Secretaria de Segurança Pública)”. Fonte R7
No mais, a Secretaria Pública de Cotia continua trabalhando incessantemente para combater a violência urbana. Ressaltamos que nossa cidade faz divisa com 12 cidades e possui grande extensão territorial, o que facilita a entrada, a saída e a ação de marginais.
Lembramos aos munícipes que é de extrema importância que façam o boletim de ocorrência para que o Governo de SP envie mais apoio policial. A ação da Polícia Militar, da Polícia Civil e da Guarda Civil Municipal resulta em uma alta produtividade na segurança pública.
Telefone da Guarda Civil: 153 (Telefone geral da Guarda)
(11) 4616-2835 (Telefone da Central de Comunicação da Guarda Civil de Cotia)