Direção da creche ligou para a mãe após constatar que havia marcas de sangue na calcinha da menina; Cotia e Cia teve acesso ao Boletim de Ocorrência, ao relatório médico e também conversou com a mãe da vítima; confira a reportagem
Caso é investigado pela DDM de Cotia. Foto: Reprodução |
Reportagem: Neto Rossi
A Polícia Civil de Cotia investiga uma denúncia de estupro de vulnerável contra uma menina de 3 anos. Segundo o Boletim de Ocorrência (B.O), a mãe da criança foi chamada na creche e informada que a calcinha dela estava com sangue. O caso ocorreu na última sexta-feira (6).
Em depoimento à polícia, a mãe disse que de imediato levou sua filha até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Atalaia. De lá, a menina foi transferida para o Hospital Regional de Cotia.
De acordo com o relatório médico, há três dias a menina estava se queixando de dor ao urinar, mas a mãe negou ter visto o sangramento. “Hoje cedo deu banho na criança e não notou nada diferente. Foi chamada pela diretora da escola pois verificaram sangramento na calcinha da criança. Ao examiná-la, viram que estava com lesões em vulva e hematomas nas nádegas”, diz trecho do relatório.
Ainda segundo o hospital, a mãe disse que “noite passada a criança chorou muito, demorando para dormir”.
Exames realizados no Hospital de Cotia confirmaram que havia escoriações na genitália da menina e com sangramento em algumas regiões. O hospital ainda diz que a “paciente evoluiu sem intercorrências, porém a mãe pediu desistência do tratamento”.
O QUE DIZ A MÃE DA MENINA
Ao Cotia e Cia, Carolyne Soares de Lima, mãe da menina, disse que levou sua filha para a creche na sexta-feira e que não notou nada de diferente. “[Ela estava em] perfeito estado, intacta, ela até me deu tchau”.
Carolyne confirmou também que a unidade ligou, por volta das 14h, para ela comparecer ao local, pois havia sangramento na calcinha da menina. “Rapidamente fui até lá. Chegando lá, peguei minha filha e fui até o hospital. Rapidamente, viram que foi abuso, pois as partes íntimas dela estava cheia de hematomas”, relatou.
Ela ainda disse que solicitou à unidade as imagens da câmera de monitoramento, mas que até agora, não obteve respostas. “Fui até a escola hoje pedir as [imagens] da câmera para ter uma explicação. Falaram que iam entrar em contato comigo, mas até agora nada.”
Questionada sobre a informação do relatório médico, que diz que a menina estava sentindo dores há três dias e com dificuldade para dormir na noite anterior, Carolyne negou que tenha falado isso. “Em nenhum momento eu disse isso”.
MÃE ACUSA A CRECHE
O caso ganhou repercussão nas redes sociais na noite desta quarta-feira (11). Em uma postagem que viralizou, o texto, que não foi feito no perfil de Carolyne, mas que teria sido feito a pedido dela, traz o mesmo relato do boletim de ocorrência, porém, acusando que o crime teria ocorrido dentro da própria creche.
“Chegando lá [na creche] vi a pior cena que uma mãe pode ver, minha filha de 3 anos vítima de um estupro. Como assim estupro na creche? Como assim não tem ninguém vendo?”, diz trecho da publicação.
“Única coisa que consegui fazer na hora foi correr para o hospital, pois a menina estava machucada e sangrando, a mesma menina que deixei de manhã, sorrindo e em perfeito estado. Diretora da creche? Me deixou no hospital e entrou de férias. Infelizmente esses são os tipos de funcionários que conseguiram para exercer a função”, diz o texto.
A filha de Carolyne estuda no Centro Educacional Antônio Mansur, que fica no Parque Migue Mirizola, em Cotia. A unidade é administrada por uma instituição terceirizada, o Instituto Anima, contratado pela Prefeitura de Cotia.
OUTRO LADO
Em nota enviada ao Cotia e Cia nesta quinta-feira (12), a Prefeitura de Cotia, por meio da Secretaria de Educação, informou que está atuando “com afinco” e fornecerá todos os meios para auxiliar as autoridades a elucidarem a suspeita do crime contra a aluna da rede de ensino.
A nota ainda diz que a situação foi percebida pela equipe escolar, na sexta-feira (6), por volta das 14h30. “A mãe foi imediatamente acionada e, juntamente com a diretora da unidade escolar, levaram a criança até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Durante o atendimento, um médico solicitou que apenas a mãe continuasse acompanhando a criança. Diante disso, a diretora retornou ao local de trabalho”, explicou.
Ainda de acordo com a Prefeitura, a diretora da unidade escolar acionou o Conselho Tutelar para acompanhar o caso e tomar todas as providências necessárias.
“As imagens da movimentação da criança na unidade escolar estão à disposição das autoridades. Até o momento, não é possível afirmar o que de fato ocorreu”, diz.
“A Prefeitura de Cotia, a Secretaria de Educação e a equipe escolar lamentam a situação e reafirmam o compromisso de trabalho diário e constante para manutenção da integridade dos alunos. A Prefeitura se colocou à disposição da família e, especialmente, da criança prestando todo apoio necessário”, complementou.
Procurado, o Instituto Anima, responsável pela administração da creche, não retornou. O espaço continua aberto caso haja manifestações.
Em nota enviada ao Cotia e Cia, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) informou que a ocorrência segue em investigação por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Cotia, que apura todas as circunstâncias do caso.
“A equipe da unidade realiza diligências visando ao completo esclarecimento dos fatos. Detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial e por envolver menor de idade”, finalizou.