Mãe nega informações do relatório médico da filha de 3 anos vítima de estupro em Cotia

Ao Cotia e Cia, ela também explicou porque desistiu do tratamento durante internação de sua filha no Hospital de Cotia

Entrada do Hospital Regional de Cotia. Foto: Google Street Views


Reportagem: Neto Rossi

Carolyne Soares de Lima, 23, negou as informações que constam no relatório de alta do Hospital Regional de Cotia que ela mesma, segundo a unidade, teria prestado. O relatório aponta que sua filha, de 3 anos, que foi vítima de estupro, há três dias já vinha se queixando de dor para urinar.

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O documento ainda diz que Carolyne informou que sua filha “chorou muito para dormir” uma noite antes da internação. A menina ficou internada na unidade entre às 22h16 do dia 06/01/2023 até às 12h35 do dia seguinte.

Em entrevista ao Cotia e Cia, nesta quinta-feira (12), Carolyne negou que tenha falado, durante a internação, sobre as dores de sua filha. Por telefone, ela também comentou sobre o choro da menina na noite anterior.

“Ela não estava sentindo dores há três dias. Isso eu não disse. Eu disse que ela não dormiu na noite anterior. Ela teve uma crise de choro absurda. Chorou bastante. Porém, não tinha nada na minha filha. Não tinha um arranhão na minha filha. Não tinha nada na parte íntima dela”, declarou.

O relatório também afirma que Carolyne desistiu do tratamento de sua filha. “Paciente evoluiu sem intercorrências. Porém, mãe pediu desistência de tratamento”. Ela explicou: “Eu estava de cabeça quente. Não tinha cabeça. Ela já tinha tomado todos os remédios. Eu estava esperando só a assistente social. E a assistente social iria só na segunda-feira e eu estava lá no sábado. Eu assinei o termo, já mandei pra reportagem, pra polícia, pra todo mundo. Eu desisti sim.”

ENTENDA O CASO

A direção da creche em que a filha de Carolyne estuda notou que havia sangue na calcinha da menina. Ligou para a mãe que compareceu na unidade. Isso ocorreu por volta das 14h da última sexta-feira (6).

“A mãe foi imediatamente acionada e, juntamente com a diretora da unidade escolar, levaram a criança até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Durante o atendimento, um médico solicitou que apenas a mãe continuasse acompanhando a criança. Diante disso, a diretora retornou ao local de trabalho”, explicou a Prefeitura de Cotia em nota.

Ainda de acordo com a Prefeitura, a diretora da unidade escolar acionou o Conselho Tutelar para acompanhar o caso e tomar todas as providências necessárias.

Carolyne confirmou a versão de que foi contatada pela creche. “Rapidamente, fui até lá [na creche]. Chegando lá, peguei minha filha e fui até o hospital. Rapidamente, viram que foi abuso, pois as partes íntimas dela estava cheia de hematomas.”

Da UPA do Atalaia, a menina foi transferida para o Hospital Regional de Cotia. De acordo com o relatório médico, havia escoriações na genitália da menina e com sangramento em algumas regiões.

PARA A MÃE, ESTUPRO OCORREU NA CRECHE

À reportagem, Carolyne disse que levou sua filha para a creche na sexta-feira e que não notou nada de diferente. “[Ela estava em] perfeito estado, intacta, ela até me deu tchau”.

Após buscar sua filha na unidade escolar, ela disse que solicitou as imagens da câmera de monitoramento, mas que até agora, não obteve respostas. “Fui até a escola hoje pedir as [imagens] da câmera para ter uma explicação. Falaram que iam entrar em contato comigo, mas até agora nada.”

O caso, que ocorreu na sexta-feira, veio a público na noite desta quarta-feira (11), cinco dias depois.

Em uma postagem que viralizou, o texto, que não foi feito no perfil de Carolyne, mas que teria sido feito a pedido dela, traz o mesmo relato que consta no boletim de ocorrência, porém, acusando que o crime teria ocorrido dentro da própria creche.

“Chegando lá [na creche] vi a pior cena que uma mãe pode ver, minha filha de 3 anos vítima de um estrupo. Como assim estupro na creche? Como assim não tem ninguém vendo?”, diz trecho da publicação.

“Única coisa que consegui fazer na hora foi correr para o hospital, pois a menina estava machucada e sangrando, a mesma menina que deixei de manhã, sorrindo e em perfeito estado. Diretora da creche? Me deixou no hospital e entrou de férias. Infelizmente esses são os tipos de funcionários que conseguiram para exercer a função”, diz o texto.

A filha de Carolyne estuda no Centro Educacional Antônio Mansur, que fica no Parque Migue Mirizola, em Cotia. A unidade é administrada por uma instituição terceirizada, o Instituto Anima, contratado pela Prefeitura de Cotia.

O QUE DIZ A PREFEITURA

Procurada pelo Cotia e Cia nesta quinta-feira (12), a Prefeitura de Cotia, por meio da Secretaria de Educação, informou que está atuando “com afinco” e fornecerá todos os meios para auxiliar as autoridades a elucidarem a suspeita do crime contra a aluna da rede de ensino.

“As imagens da movimentação da criança na unidade escolar estão à disposição das autoridades. Até o momento, não é possível afirmar o que de fato ocorreu”, diz.

“A Prefeitura de Cotia, a Secretaria de Educação e a equipe escolar lamentam a situação e reafirmam o compromisso de trabalho diário e constante para manutenção da integridade dos alunos. A Prefeitura se colocou à disposição da família e, especialmente, da criança prestando todo apoio necessário”, complementou.

Procurado, o Instituto Anima, responsável pela administração da creche, não retornou. O espaço continua aberto caso haja manifestações.

POLÍCIA CIVIL INVESTIGA O CASO

Em nota enviada ao Cotia e Cia, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) informou que a ocorrência segue em investigação por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Cotia, que apura todas as circunstâncias do caso.

“A equipe da unidade realiza diligências visando ao completo esclarecimento dos fatos. Detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial e por envolver menor de idade”, finalizou.

  

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