Além da técnica de espionagem, Sergey tinha dois apartamentos em Cotia registrados em seu nome falso; entenda quais eram seus planos em território brasileiro
Sergey Cherkasov. Foto: Reprodução |
Acusado de ser espião russo, Sergey Vladimirovich Cherkasov foi preso na Holanda e devolvido ao Brasil. Ele se apresentava como Victor Muller Ferreira e está preso na carceragem da Polícia Federal em São Paulo. A reportagem foi transmitida neste domingo (27) pelo Fantástico, da TV Globo, e pelo programa Domingo Espetacular, da Record TV.
De acordo com as matérias, Sergey tinha três endereços na Grande São Paulo com registros no nome brasileiro dele, sendo dois apartamentos em Cotia e um no bairro do Butantã.
Quando foi preso, a polícia apreendeu um pen drive que estava com ele. O dispositivo foi periciado e os agentes encontraram um arquivo de texto com instruções para uma atividade conhecida pela expressão em inglês "dead drop".
No "dead drop", o espião esconde uma encomenda - num tronco de árvore, por exemplo - e, tempos depois, um comparsa vai pegar.
E foi exatamente o que aconteceu. A polícia seguiu as pistas deixadas no pen drive e encontrou os objetos. Sergey deixou um tablet enrolado em um saco em uma construção abandonada e outro pen drive que estava escondido no tronco de uma árvore dentro de uma trilha, no Morro Grande.
Para pessoas que acompanham o caso, esses dois "dead drops" encontrados em Cotia mostram que Sergey não só morou no Brasil, como atuou como espião por aqui.
Mas, de acordo com as reportagens, o resultado da perícia sobre essas "encomendas" está sob sigilo. E a Polícia Federal não informa nem mesmo se a investigação sobre espionagem foi adiante.
Por isso, Sergey Cherkasov está preso não por ser espião, mas pelo uso continuado de passaporte brasileiro falso. Ele pegou 15 anos em regime fechado. Mas, se depender do governo russo, ele não fica no Brasil.
De acordo com o Fantástico, a extradição será julgada pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal e, se for aprovada, a autorização final depende do presidente da República.
As autoridades holandesas dizem que Sergey Vladimirovich Cherkasov é um espião do GRU — a inteligência militar russa. Sergey fingia ser brasileiro para tentar se infiltrar no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, segundo o Serviço de Inteligência holandês.
De acordo com reportagem da BBC, ele havia se candidatado a um posto de estágio não remunerado na instituição, responsável por investigar, entre outras acusações, possíveis crimes de guerra cometidos na Guerra da Ucrânia.
O Serviço de Segurança e Inteligência Geral da Holanda (AIVD, na sigla em inglês) informou que se ele tivesse conseguido assumir o cargo e se infiltrar na organização, poderia ter causado danos reais. O episódio ocorreu em abril, mas só foi divulgado agora.
“Muitos países usam espiões fingindo ser pessoas comuns, mas a Rússia há muito tempo se especializou em um tipo de agente ilegal disfarçado que assume uma nacionalidade totalmente diferente da sua de origem. Esses espiões fingem ser americanos, britânicos, canadenses ou — no caso de Ferreira — brasileiros para permitir que se movimentem em círculos nos quais os russos seriam recebidos com suspeita e, portanto, teriam mais dificuldade em operar”, explicou a reportagem.