Segundo a PM, parlamentar não quis registrar boletim de ocorrência; Polícia Civil disse que não houve apresentação de testemunha ou filmagem que tenha captado a ação criminosa
Caso foi registrado na Delegacia de Cotia. Foto: Arquivo / Cotia e Cia |
A Polícia Civil investiga um suposto sequestro do vereador de Cotia Alexandre Santos Ramos, mais conhecido como Sandrinho (Solidariedade), que teria ocorrido na noite dessa quinta-feira (29). Segundo policiais militares que atenderam a ocorrência, o parlamentar, que é candidato a deputado federal, não quis registrar boletim de ocorrência.
Em depoimento na delegacia, os PMs disseram foram acionados a atender uma ocorrência onde um vereador havia sido abordado por dois indivíduos desconhecidos em frente ao seu comitê eleitoral, sendo levado pelos suspeitos em seu próprio veículo.
Os agentes então foram informados, através do Central de Operações da Polícia Militar (Copom), que o sistema de rastreamento indicava que o veículo do parlamentar trafegava pela Rodovia Raposo Tavares.
Diante desta informação, os PMs realizaram o cerco por diversas ruas, até que localizaram o veículo na Estrada do Atalaia, em frente ao comitê de campanha do vereador, ou seja, no mesmo local da abordagem inicial.
De acordo com os militares, Sandrinho estava no comitê no momento e afirmou que foi tomado de roubo por dois indivíduos, sendo obrigado a permanecer no interior de seu veículo, enquanto um deles assumiu a direção e saiu sentido Vargem Grande Paulista.
Ainda segundo os policiais, o vereador disse que no trajeto os suspeitos pediram seu telefone celular para realizar transferências bancárias, contudo, ele não estava de posse de seu telefone.
Sandrinho disse, segundo os policiais, que diante disto, os sequestradores desistiram da empreitada e o liberaram em Vargem Grande Paulista. Ele não soube indicar o local. Assim que foi liberado, ele teria novamente assumido a direção do seu veículo e retornado ao comitê de campanha.
Quanto a descrição dos suspeitos, Sandrinho disse que um deles era "moreno" e usava blusa escura, não sabendo fornecer maiores dados, segundo a PM.
Os militares informaram ainda que quando de sua chegada ao local o veículo já estava sendo ocupado por diversas pessoas, aparentemente correligionários da vítima, as quais ocupavam também a área em frente ao comitê de campanha, onde teria ocorrido a abordagem inicial.
Os PMs disseram que convidaram o vereador a comparecer na delegacia para relatar outros detalhes do ocorrido, contudo, ele preferiu não ir.
SEM TESTEMUNHA E SEM FILMAGEM
Diante dos relatos dos PMs, a Polícia Civil informou que ficou inviabilizada a solicitação de perícia, uma vez que, além do veículo não ter sido apresentado na delegacia, a própria vítima teria se deslocado com o veículo do local onde havia sido deixado pelos criminosos. Além disso, o veículo já teria sido ocupado por diversos outros correligionários dele em seu comitê de campanha.
“O local onde ocorreu a abordagem inicial também não se encontrava preservado, visto que também foi tomado por populares, tratando-se, portanto, de local inidôneo”, informou a Polícia Civil, que complementou que não foi apresentado qualquer testemunha presencial ou filmagem de sistema de monitoramento “que porventura tenha captado a ação criminosa”.
A Polícia Civil disse que vai dar continuidade das investigações onde se buscará apurar todas as circunstâncias que envolvem o caso, “adotando-se de todas as medidas de polícia judiciária que casos desta natureza requerem”.