Cotianos beberam água contaminada com substâncias que geram riscos à saúde, aponta estudo

Os dados compõem o estudo Mapa da Água; veja o que dizem o Departamento de Vigilância em Saúde da Prefeitura de Cotia e a Sabesp

Imagem ilustrativa. Foto: Unsplash


Reportagem: Neto Rossi

Os dados que compõem o estudo Mapa da Água, levantados pela ONG Repórter Brasil e divulgados nesta semana, mostram os riscos oferecidos pela água que saiu da torneira de 763 cidades entre 2018 e 2020. Substâncias químicas e radioativas foram encontradas acima do limite em 1 de cada 4 municípios que fizeram os testes.

Em Cotia, foram detectadas duas substâncias acima do limite de segurança na águaos ácidos haloacéticos e o trihalometanos. Elas foram detectadas ao menos uma vez na água que abastece o município, entre 2018 e 2020. A Sabesp rebate o estudo e diz que resultados "são pontuais" e não interferem na qualidade da água - veja no final da reportagem. 

Quando essas substâncias estão acima do limite, segundo o estudo, a água é considerada imprópria para o consumo. Nesses casos, as instituições de abastecimento deveriam informar a população sobre o problema, assim como sobre as medidas tomadas para resolvê-lo.

DETALHES DAS SUBSTÂNCIAS ENCONTRADAS NA ÁGUA DE COTIA

De acordo com o Mapa da Água, os ácidos haloacéticos são classificados como possivelmente cancerígenos para humanos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde.

Em altas concentrações, o levantamento diz que os ácidos haloacéticos também podem gerar problemas no fígado, testículos, pâncreas, cérebro e sistema nervoso. "Eles são classificados como subprodutos da desinfecção, formado quando o cloro é adicionado à água para matar bactérias e outros microorganismos patogênicos", explica. 

Já os trihalometanos, segundo o Mapa da Água, são um grupo de compostos químicos e orgânicos que derivam do metano. Ele inclui substâncias como o clorofórmio, classificado como possivelmente cancerígeno pela IARC. A exposição oral prolongada a esta substância pode produzir efeitos no fígado, rins e sangue.
Os trihalometanos são utilizados como solvente em vários produtos (vernizes, ceras, gorduras, óleos, graxas), agente de limpeza a seco, anestésico, em extintores de incêndio, intermediário na fabricação de corantes, agrotóxicos e como fumigante para grãos. Alguns países proíbem o uso de clorofórmio como anestésico, medicamentos e cosméticos.

 

SABESP DIZ QUE ÁGUA NÃO É IMPRÓPRIA E CUMPRE A LEGISLAÇÃO

Após a publicação desta reportagem, a Sabesp retornou o nosso contato e explicou que  "a água fornecida em Cotia não é imprópria e cumpre a legislação para potabilidade". Segundo a Companhia, os dados apresentados no Mapa da Água sobre Cotia mostram resultados pontuais, sem considerar o histórico de medições exigido pela legislação brasileira. "Essas medições apontam conformidade com os padrões de potabilidade e garantem a qualidade da água fornecida", disse.

A Sabesp detalhou que faz o monitoramento continuamente, conforme exigências do Ministério da Saúde,  de todas as etapas do sistema de abastecimento, desde o manancial, onde é feita a captação da água, as estações de tratamento, as redes de distribuição até o cavalete na entrada do imóvel dos clientes. "Os dados são enviados ao Siságua, sistema do Ministério da Saúde, e são públicos, conforme mostra o acesso realizado pela ONG", acrescentou. 

"Quando anomalias são constatadas, são tomadas as providências necessárias visando a regularização da situação. Conforme a legislação, o padrão de potabilidade deve ser avaliado levando-se em conta seu histórico completo", concluiu. 

O QUE DIZ A PREFEITURA 

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Cotia, por meio do Departamento de Vigilância em Saúde e do Programa da Qualidade da Água para consumo humano (PROAGUA), da Secretaria Municipal de Saúde, informou que realiza o monitoramento mensal e semestral da qualidade da água da rede e Estação de Tratamento de Água, por meio do sistema SISAGUA, do Ministério da Saúde.

De acordo com o órgão municipal, são monitoradas as estações de tratamento de água do Sistema Alto Cotia e Jardim Japão e suas respectivas redes de distribuição, assim como são monitorados pontos de rede de distribuição dos Sistemas Guarapiranga e São Lourenço.

Em consulta do SISAGUA, de acordo com a nota, não foram constatados resultados acima dos Valores Máximos Permitidos (VMP) para os produtos secundários de desinfecção. Foram encontrados valores no limite do VMP.

(ESSA REPORTAGEM FOI ATUALIZADA ÀS 15H42 DO DIA 11/03/2022 COM A NOTA DA SABESP)


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