Segundo o MP, além das agressões físicas, o garoto era obrigado a ajoelhar em caroços de feijão ou arroz e, ainda, a limpar suas próprias fezes e urina. Vara Criminal de Cotia aceitou a denúncia e deu início ao processo; Ingrid Bernardes de Souza, 19, e Víctor Hugo dos Santos, 22, estão presos
À esquerda, o menino Guillermo, de 4 anos, vítima de espancamento e tortura; à direita, Ingrid e Victor, casal acusado de ter matado o menino. Foto: Arquivo pessoal |
Por Neto Rossi
O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) denunciou o casal Ingrid Bernardes de Souza, 19, e Víctor Hugo dos Santos, 22, pela morte do menino Guillermo, de apenas 4 anos. O crime ocorreu no dia 6 de fevereiro no Parque Turiguara, em Cotia. Segundo a denúncia, o garoto foi morto “mediante meio cruel, com incontáveis agressões no corpo”. O casal estava como responsável pela criança (LEIA MAIS SOBRE A MÃE DE GUILLERMO NO FINAL DO TEXTO)
Guillermo foi socorrido ao Hospital Regional de Cotia por intervenção de terceiros, mas morreu dois dias depois em decorrência de traumatismo crânio encefálico grave, além de uma infinidade de agressões em todo o seu corpo. O exame necroscópico apontou que foram desferidos socos, chutes e agressão na cabeça.
Ainda de acordo com a denúncia, entre os dias 16 de janeiro e 6 de fevereiro deste ano, consta no inquérito policial que Guillermo foi torturado pelo casal, que o submeteu a violência e grave ameaça, a intenso sofrimento físico e mental, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal.
O casal, segundo o MP, castigava física e psicologicamente a criança por estarem insatisfeitos com o fato de Guillermo defecar e urinar fora do vaso sanitário. Além das agressões físicas, o garoto era obrigado a ajoelhar em caroços de feijão ou arroz e, ainda, a limpar suas próprias fezes e urina.
Conforme a denúncia, no dia do crime, Ingrid e Victor deram socos, chutes e bateram a cabeça do menino contra a parede. “O crime foi cometido por motivo fútil, tendo em vista que os denunciados Ingrid e Victor mataram a vítima por motivo de somenos importância, como resposta desmedida ao fato de a criança defecar e urinar fora do vaso sanitário”, diz o MP.
O crime foi praticado mediante meio cruel, tendo em vista que Ingrid e Victor praticaram incontáveis agressões no corpo da vítima, além de bater com sua cabeça por inúmeras vezes contra a parede, causando à criança um sofrimento atroz e desnecessário, que contrasta com o mais elementar sentimento de humanidade
A denúncia de tortura e homicídio consumado, feita na sexta-feira (18) pelo promotor de Justiça de Cotia, Luiz Fernando Bugiga, foi aceita pela Vara Criminal de Cotia que deu início ao processo, determinando a citação dos réus, que estão presos.
A CONTRADIÇÃO DA MÃE DE GUILLERMO
Segundo o Ministério Público, Brenda Karoliny de Campos, de 22 anos, mãe de Guillermo, é usuária de drogas. Em seu depoimento à Polícia, ela mencionou que, inclusive, já chegou a usar drogas junto com o casal.
“Eu fumo maconha e ela [Ingrid] também, aí a gente fumava um baseado juntas e ficávamos conversando sobre nossos filhos e trabalho. A Ingrid reclamava muito do Victor, que ele não trabalhava, que não gosta de trabalhar, que gosta de ficar usando só o "K2", uma maconha sintética que é uma febre hoje em dia, diz que é maconha misturada com pedra”, disse à Polícia.
No entanto, em entrevista ao Cotia e Cia no dia 9 de fevereiro, Brenda negou ser usuária de drogas e disse que conhecia o casal há 4 anos e que deixava Guillermo com eles para trabalhar no centro de São Paulo [LEIA A ENTREVISTA COMPLETA AQUI].
O Ministério Público requereu a instauração de inquérito policial para apurar eventuais responsabilidades criminais de Brenda. “Brenda faltou às suas responsabilidades como mãe, deixando a criança sob os cuidados de um casal usuário de drogas e, portanto, inidôneo para zelar pela criança”, diz o MP na denúncia.