Com gravidez de risco, GCM de Cotia contrai Covid após ter afastamento do trabalho negado

Valgleth Aparecida Cavalcante é agente da corporação há 19 anos e está grávida de 7 meses; mesmo com relatório médico, seu pedido de afastamento foi negado. Infectada com coronavírus, ela teme agora pela vida de seu filho

Valgleth é agente da GCM de Cotia desde 2002. 


Reportagem: Neto Rossi


Agente da Guarda Civil Municipal (GCM) de Cotia há 19 anos, Valgleth Aparecida Cavalcante está grávida de sete meses. Sua gestação é considerada de risco. O médico que atende Valgleth fez um relatório solicitando o afastamento dela do serviço, ainda mais por conta da pandemia de Covid-19.

“Solicito afastamento do trabalho da servidora Valgleth Cavalcante por motivo de risco dos casos de Covid-19, que novamente está infectando muitos guardas civis de Cotia e com casos de internação”, disse o médico Mauro Hiroshi Murata.

“A paciente em questão está gestante de 26 semanas com idade avançada (41 anos) e está na sua quarta gestação que por si só inspira cuidados redobrados com riscos para Covid-19. Por esta condição, sugiro afastamento para que a gestante não corra risco de infecção e não prejudique o feto”, completou Murata no relatório (VEJA ABAIXO). 




Esse foi o segundo relatório encaminhado via e-mail para a Medicina do Trabalho – já que eles alegaram, segundo Valgleth, que o primeiro estava “muito vago”. Mas ambos os pedidos de afastamento, de acordo com a servidora, foram negados sem justificativa, e ela continuou trabalhando.

Acontece que, nesta semana, Valgleth começou a sentir dores no corpo e outros sintomas de gripe. Foi até uma unidade de saúde na Granja Viana e fez o teste para Covid-19, que deu positivo, para o seu desespero.

Resultado positivo para Covid-19


“Ninguém pensa na gente. Se eu morrer ou alguma coisa acontecer comigo, é uma vida a menos. Eles colocam outra pessoa no meu lugar”, disse Valgleth por telefone ao Cotia e Cia na manhã desta sexta-feira (21).

A servidora conversou com a reportagem e chorou por algumas vezes, se sentindo desamparada diante da situação. “Eu não estou conseguindo nem raciocinar direito. Eu estou muito nervosa.”

Cotia e Cia entrou em contato com a Prefeitura na manhã de hoje (21) solicitando um posicionamento, mas até a publicação desta reportagem (12h05), não houve retorno.

Caso haja um posicionamento, será acrescentado aqui neste texto.    

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