Em carta, professor reconheceu o erro e pediu desculpas aos pais; ele foi exonerado do cargo após as denúncias
Um professor foi exonerado do cargo após diversas acusações de assédio dentro da Escola Estadual Vila São Joaquim II, no Jardim Leonor, em Cotia. Das alunas que o acusaram, três tinham entre 12 e 13 anos.
A avó de uma das vítimas de 12 anos disse que, no último dia 17, sua neta chegou em casa e contou que o professor “havia lhe dado um abraço forte”, apertando o corpo dela contra o dele, e que ele estava “com umas atitudes estranhas” com ela e umas amigas.
Ela ainda relatou que o professor entregou a aluna um cartão dizendo que era para ela ligar, “caso tivesse qualquer tipo de problema”, pois ele também era psicólogo.
Em outra denúncia, a mãe de uma adolescente de 13 anos disse que o professor estava mandando várias mensagens pelo WhatsApp durante a madrugada e que o conteúdo das mensagens não tinha nada a ver com a escola.
Entre as mensagens, segundo a mãe, o professor disse a aluna: "deve estar lindinha aí de pijaminha ha ha ha", "agora me ajuda tbm rs", "seria legal se vc estivesse aqui", "me ajuda a rlx então ha ha ha"," queria bjs.”
A mãe relatou ainda que o professor fez comentários na foto em que sua filha postou no status do WhatsApp, dizendo: "corpinho lindinho, tudo perfeito ha ha ha", "olhando pra ela(coração)"; uma anjinha linda".
Já na outra denúncia, o pai de uma aluna de 12 anos disse à polícia que o professor importunou sua filha via mensagens, olhares e seguindo-a pela escola, mostrando-se interessado por ela, assim como também fez com outras alunas.
O pai contou que tudo começou quando sua filha salvou o número do professor no WhatsApp para enviar as atividades escolares. Mas, como ela já sabia das atitudes dele, resolveu comunicar à direção da escola, que orientou ela e as demais alunas a registrarem boletim de ocorrência.
PROFESSOR PEDE DESCULPAS
Após diversas denúncias de assédio, o professor encaminhou uma carta aos pais das alunas, onde ele reconhece o erro e pede desculpas. Ele declara que “jamais, em hipótese nenhuma”, teve intenção de ter “qualquer outra coisa além das conversas” no WhatsApp. “Jamais teria coragem de tocá-las com quaisquer outras intenções”, disse.
O professor segue dizendo que seu pedido de desculpas “não apaga o erro e nem o estrago causado”. Mas ele se diz envergonhado de tudo que fez. “A partir de ontem, já procurei ajuda especializada para corrigir estes desvios. Não é justificativa, jamais! Mas, declaro que me reconheço que preciso de ajuda nesta área, e estou querendo ajuda”, escreveu.
O QUE DIZ A SEDUC-SP
Procurada, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) informou que repudia toda e qualquer forma de assédio e que, assim que soube do caso, tomou todas as providências necessárias quanto às denúncias apresentadas contra o professor. "Este docente era temporário e seu contrato já foi encerrado", disse.
Ainda de acordo com a nota, a Seduc disse que os responsáveis pelas alunas foram chamados e que o caso foi registrado no Placon - sistema do Programa Conviva que tem como principal objetivo monitorar a rotina das escolas da rede estadual.
"A equipe de psicólogos do Conviva está à disposição dos estudantes e responsáveis e a unidade escolar planeja ações de acolhimento aos envolvidos. A Diretoria Regional de Ensino de Carapicuíba está à disposição dos pais e responsáveis pelos alunos para quaisquer esclarecimentos", concluiu.
Até a publicação desta reportagem, a direção da Escola Estadual Vila São Joaquim II não se manifestou sobre o assunto.
Reportagem: Neto Rossi