Morador de Cotia, Yan precisa de uma cirurgia no quadril, mas não estava conseguindo nem mesmo agendar uma consulta com ortopedista; após contato do Cotia e Cia com a Secretaria de Saúde de SP, o caso de Yan começou a ter outro desfecho
Yan Tomaz do Nascimento, 20 anos. Foto: Arquivo pessoal |
Yan Tomaz do Nascimento, de 20 anos, não aguenta mais as dores fortes do lado esquerdo do quadril. Morador do Parque Alexandra, em Cotia, Yan nasceu prematuro e teve paralisia cerebral.
O jovem foi assistido pela AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) de Osasco dos 5 aos 18 anos. Neste tempo em que ficou lá, um médico que atende pela associação chegou a fazer uma cirurgia do lado direito do quadril de Yan. Mas, segundo Maria do Socorro, mãe do jovem, a cirurgia só foi realizada após uma ação na Justiça.
*Yan recebeu alta da AACD por ter atingido os objetivos clínicos do tratamento que realizou e foi encaminhado para o Sistema Único de Saúde (SUS). Ele agora precisa fazer uma cirurgia do lado esquerdo do quadril, local onde ele sente fortes dores.
Acontece que, segundo Maria, pelo SUS a espera está longa. Já são dois anos aguardando. “Há dois anos ele está na fila de espera no SUS por um ortopedista cirúrgico e não consegue nem a consulta”, disse.
Quanto mais o tempo passa, as dores de Yan só aumentam. Um vídeo enviado à reportagem mostra o jovem gritando de dor. Segundo Maria, assim que o efeito dos medicamentos passa, as dores voltam e o sofrimento aumenta.
“Quando ele sente muita dor, eu o levo ele no Hospital de Cotia ou em outras unidades, mas eles [médicos] sempre falam que o meu filho tem que voltar para a AACD. Eles dão uma injeção nele para passar a dor e manda ele pra casa. Só que ele não aguenta mais de tanta dor”, relata Maria.
“Eu não aguento ver mais meu filho gritando de dor sem poder fazer nada. Eu procuro por hospitais e ninguém quer atendê-lo. Não sei mais o que eu faço”, suplica.
De acordo com Maria, Yan já foi atendido na urgência pelo Hospital Regional de Cotia e também em consultas pelo Centro de Fisioterapia e Ortopedia (Cefor) do Portão, em Cotia.
Yan indo de ônibus a uma consulta médica em Cotia. Foto: Arquivo pessoal |
APÓS CONTATO DA REPORTAGEM
Cotia e Cia entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e relatou o caso de Yan. Em nota, a pasta informou que o paciente já possui consulta agendada na especialidade de ortopedia para a primeira quinzena de dezembro no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Taboão da Serra.
“Vale ressaltar que a primeira consulta nesta mesma especialidade e serviço foi agendada em julho de 2020, no entanto não houve comparecimento do paciente”, completou.
A reportagem retornou o contato com Maria, mãe do paciente, que ficou sabendo da consulta do filho pelo Cotia e Cia. Sobre a consulta agendada em julho de 2020, ela negou e disse que não houve nenhuma comunicação por parte da saúde estadual.
Maria ligou na manhã desta quinta-feira (18) no Ame de Taboão da Serra e foi informada que a consulta com ortopedista está marcada para às 14h20 do dia 7 de dezembro.
O QUE DIZ A AACD E A SAÚDE DE COTIA
Cotia e Cia também fez contato com a AACD de Osasco para buscar esclarecimentos sobre o caso. Em nota, a associação explicou que Yan recebeu alta da unidade no dia 5 de novembro de 2021 e que registrou, desde quando iniciou os atendimentos, “uma evolução muito significativa”.
A AACD ainda informou que possui apenas um Hospital Ortopédico, localizado em São Paulo, no bairro do Ibirapuera. Para a realização de cirurgias via SUS, além da indicação cirúrgica por parte de um médico, a associação disse que é necessário que o paciente passe pela regulação, ou seja, tenha esse procedimento autorizado pela Secretaria Municipal de Saúde da cidade de São Paulo.
“No caso do paciente Yan Tomaz do Nascimento, não há nesse momento essa indicação e autorização para que seja feita cirurgia no Hospital Ortopédico da AACD”, concluiu em nota.
Procurada, a Secretaria de Saúde de Cotia não comentou o assunto até o fechamento desta reportagem.
REPORTAGEM: NETO ROSSI
(*ESSE TRECHO DA REPORTAGEM FOI CORRIGIDO. ANTERIORMENTE, A REPORTAGEM TINHA INFORMADO QUE YAN RECEBEU ALTA POR TER COMPLETADO 18 ANOS)