Ex-morador de Cotia é denunciado por fraudar laudo médico e pedir dinheiro para tratar doença

Eduardo Luís Jacó publicou nas redes sociais um boleto bancário no valor de R$ 4 mil que seria usado para o tratamento de medula óssea e também um suposto laudo médico comprovando que o procedimento seria feito em um hospital de São José do Rio Preto (SP). O próprio hospital, no entanto, negou que o laudo seja da unidade e também negou o conteúdo do boleto. O hospital também abriu um boletim de ocorrência de estelionato contra Jacó

Publicação de Jacó no Facebook



Um homem chamado Eduardo Luís Jacó, que já foi morador de Cotia por muitos anos, foi denunciado à polícia por aplicar golpe nas redes sociais. A denúncia foi encaminhada nesta quinta-feira (23) ao Cotia e Cia.

Jacó, como é chamado, diz em postagens na internet que precisa realizar um tratamento de câncer e o valor para esse procedimento médico seria de R$ 4 mil. Ele usa um perfil no Facebook como Edu Edu (foto acima). 

Desde o início de setembro, ele publica um boleto bancário e os dados de um Pix para pedir o dinheiro.

“Oi, amanhã tenho esse boleto bancário pra pagar a entrada do novo tratamento de medula óssea. Caso você consiga me ajudar, tenho R$ 2.200, falta R$ 1.800 pra começar o tratamento. Esse boleto vence amanhã. Vem comigo”, diz o post com os dados bancários e do Pix de Jacó.

Além do boleto bancário, Jacó também chegou a publicar um suposto laudo médico que seria do Hospital de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. O documento afirma que o “paciente Eduardo Luís Jacó será submetido a um transplante de medula óssea” e que ele estaria “propenso a recaídas”.

O suposto laudo ainda diz que “estamos fazendo esse procedimento em caráter de urgência” e que o prazo seria de 72 horas para o início do procedimento.

Suposto laudo médico publicado por Jacó



HOSPITAL NEGA LAUDO E BOLETO

Uma das pessoas a quem Jacó pediu ajuda desconfiou do conteúdo do laudo, que tinham vários erros. Essa pessoa, que pediu anonimato, disse que ao fazer o Pix encontrou o nome de outra pessoa chamada Valdirene.

Ele também disse que havia um DDD de São Paulo e outro DDD 17 que, coincidentemente, é o mesmo da cidade de Mira Estrela, onde Jacó está morando, segundo a fonte.

Desconfiado, ele fez contato com o hospital citado por Jacó, que supostamente faria o tratamento para a sua doença. Mas o setor jurídico da unidade negou tanto o boleto quanto o laudo médico. O hospital, ainda, abriu um Boletim de Ocorrência por estelionato.

No boletim, que Cotia e Cia teve acesso, o hospital diz que as informações do laudo e do boleto “não condizem com a verdade”. A unidade consultou os bancos de dados internos e prontuários médicos e não identificou nenhum paciente com este nome.

O hospital ainda relata no boletim os “inúmeros erros” quanto às informações contidas no boleto bancário, “tais como o nome ‘Hospital de Base Patologia’”. A Funfarme (Fundação Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto) afirma que não possui nenhuma filial com essa identificação.

Além disso, a organização destaca que todas as informações bancárias na descrição do boleto bancário não constam nos sistemas internos financeiros.

A instituição ainda explica no boletim de ocorrência que “não encaminha ou disponibiliza nenhum tipo de informação quanto a diagnóstico, prognóstico e tratamento médico-hospitalar, sendo a presente uma possível tentativa de fraude”.

O QUE DIZ JACÓ

Cotia e Cia fez contato por telefone com Jacó na tarde desta quinta-feira (23). Ele disse a reportagem que ficou sabendo desta denúncia ontem e que iria nesta sexta-feira (24) atrás de seus direitos.

Jacó também confirmou que está doente e acamado. A reportagem enviou pelo WhatsApp a publicação feita do suposto laudo médico e questionou se ele mesmo que tinha feito a publicação. Mas Jacó não comentou o assunto e reforçou que iria tomar providências.
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