Segundo a denúncia, motorista se recusou a ajudar passageira negra que precisava colocar o bebê conforto no banco traseiro para suas filhas gêmeas; Halitane relata que motorista agiu de forma racista ainda mais pelo fato de ela estar usando turbante no momento. "Muitas pessoas dizem que não são racistas, mas não toleram a cultura africana e já nos associam a práticas ruins."
A Uber desativou a conta de um motorista após receber denúncia de racismo de uma moradora de Cotia. A jornalista Halitane Rocha estava de turbante com suas filhas gêmeas e solicitou uma corrida no aplicativo de sua casa até uma loja de roupas. O caso aconteceu na sexta-feira (2).
Segundo a jornalista, ela tentou colocar o bebê conforto no banco traseiro, mas não conseguiu encaixá-lo porque o banco do motorista estava muito para trás e também porque ela estava com uma de suas filhas no canguru. Halitane então pediu para o motorista empurrar o banco um pouco mais para frente para conseguir encaixar o acessório de segurança.
"E qual foi a resposta dele? ' Não dá, senão eu não consigo dirigir. Leva pro outro banco'. Então, eu retruquei no mesmo tom: 'Beleza, então pode me ajudar a colocar do outro lado?'. A resposta dele foi: 'não dá. Eu preciso dirigir'", diz em texto da denúncia que encaminhou para a Uber.
Indignada com a resposta, ela pediu para ele cancelar a corrida, tirou suas filhas do carro e bateu a porta. O motorista, segundo Halitane, ainda disse que ela teria que pagar por ter batido a porta do veículo.
"Tentei denunciar logo em seguida pelo app, mas quando ele cancelou a corrida, a corrida sumiu do histórico e a cobrança debitada no meu cartão", relatou. Após a denúncia, Halitane disse que a Uber estornou o pagamento.
A atitude preconceituosa do motorista, segundo a jornalista, foi motivada, principalmente, pelo fato de ela estar usando um turbante no momento. De acordo com Halitane, "o turbante é visto com muitos maus olhos pela sociedade e, nitidamente, foi um fator para o péssimo tratamento comigo no dia da corrida". "Muitas pessoas dizem que não são racistas, mas não toleram a cultura africana e já nos associam a práticas ruins."
Ainda na denúncia, a jornalista disse que já passou por várias situações de desrespeito na Uber, mas nunca desta forma. "Se negar um atendimento pra uma mãe com duas crias não for motivado por racismo, então seria pelo o que, né? Conheço bem aquele olhar e prepotência de homem branco frustado."
Em nota, a Uber disse que possui uma política de tolerância zero a qualquer forma de discriminação em viagens pelo aplicativo e que a conta do motorista, por este motivo, foi desativada da plataforma.
"A Uber busca oferecer opções de mobilidade eficientes e acessíveis a todos. A empresa reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o app", diz trecho da nota.
Confira abaixo a manifestação da Uber na íntegra após ter recebido a denúncia:
"A Uber possui uma política de tolerância zero a qualquer forma de discriminação em viagens pelo aplicativo. A conta do motorista em questão foi desativada da plataforma após a denúncia e entramos em contato com a usuária para prestar apoio. A Uber busca oferecer opções de mobilidade eficientes e acessíveis a todos. A empresa reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o app.
Sabemos que o preconceito, infelizmente, permeia a nossa sociedade e que cabe a todos nós combatê-lo. Como parte desses esforços, a Uber lançou, por exemplo, o podcast Fala Parceiro de Respeito, em parceria com a Promundo, com conteúdos educativos sobre racismo. Além disso, em parceria com as advogadas da deFEMde, a empresa revisou o processo de atendimento na plataforma, a fim de facilitar as denúncias de racismo e acolher melhor o relato da vítima.
Recentemente, a Uber também lançou uma campanha que convida usuários e motoristas parceiros para serem aliados no combate ao racismo. A iniciativa tem o objetivo de promover um conteúdo educativo dentro do próprio aplicativo e é parte de um compromisso global assumido pela empresa no ano passado com o objetivo de combater o racismo e criar produtos igualitários por meio da tecnologia."
Por Neto Rossi