Em 165 anos, a cidade de Cotia nunca teve um ou uma representante no poder público que pautasse a questão da diversidade de gênero. Mas essa situação tende a mudar a partir de agora.
A vice-prefeita da cidade, Ângela Maluf, que foi recém empossada secretária municipal dos Direitos Humanos, Cidadania e da Mulher, conseguiu dar um passo importante para quebrar essa barreira.
Nesta segunda-feira (28), quando foi celebrado no mundo o Dia Internacional do Orgulho Gay, a Prefeitura de Cotia oficializou seu apoio à diversidade de gênero em uma publicação nas redes sociais.
"O orgulho LGBTQIA+ não nasceu da necessidade de celebrar ser lésbica, gay, bi, trans, queer, intersexo ou assexual, mas do direito de existir sem perseguição. Preconceito é crime! Amar e ser amado é direito de todxs!", diz o post.
A publicação foi comemorada por Ângela, pioneira em quebrar essa barreira de mais de um século e meio no município. "Eu rompi uma barreira. Isso tem um peso. As vezes você sente dor, as vezes você é humilhado, incomodado, as vezes você chora a dor de ser quem você é. Mas é uma delícia também saber que eu estou desbravando muitas barreiras", comenta.
Em entrevista exclusiva ao Cotia e Cia nesta terça-feira (29), a vice de Rogério Franco falou sobre as discriminações que já sentiu na pele, o trabalho árduo que vem realizando e o compromisso com a recente pasta criada nesta gestão.
Foram durante algumas conversas com o prefeito na campanha de 2020, que Ângela despertou a sensibilidade de Franco para essa questão. "Quando a gente ficava fechando a pasta de programação para os 4 anos, eu falei para o prefeito que a Secretaria, que até então só era da Mulher, tinha que ter mais corpo. Falei que nós temos que ter direitos humanos e cidadania, porque a comundiade LGBTQIA+ tem que estar inserida, assim como tem que estar inserido o negro, o indígena, o idoso."
Segundo Ângela, o prefeito acatou seu pedido na mesma hora. "Tanto que ele criou a secretaria [de Direitos Humanos, Cidadania e da Mulher] hoje .Foi a chancela dele. E quando ele me coloca para estar ao lado dele, ele quebra qualquer resistência de dureza a essa diversidade. Sou uma mulher, gay e idosa. Então, é um momento muito importante para a diversidade ser incluída em uma gestão pública", salienta.
Para os próximos anos, com a pasta sob sua responsabilidade, Ângela Maluf tem a missão de levar a conscientização sobre o tema e continuar abrindo cada vez mais espaço para a comunidade LGBTIQIA+. Por ser mulher, lésbica, idosa e simpatizante de religiões de matriz africana, ela reconhece o compromisso e a responsabilidade que estão em suas mãos.
"Eu sou gay, sou mulher, sou negra, sou indígena, sou tudo. Para eu lutar por causas, eu tenho que me sentir em todo mundo. Todo mundo tem que estar dentro de mim. Eu sou feirante, sou agricultora, sou varredora de rua, mas eu sou de base. E essa base me representa. Eu sou muito povão. Eu gosto dessas pessoas fortes. É muita responsabilidade representar tanta gente importante. É um assunto muito sério, é uma missão enorme, mas a gente vai dar conta."
Por Neto Rossi