Denúncia encaminhada ao MP diz que a orientação das diretorias de ensino foi a de não pedir o afastamento dos profissionais que tiveram contato com as pessoas infectadas. Muitas voltaram às aulas presenciais nesta segunda-feira (8)
E.E Antonieta, em Cotia, foi uma das unidades que confirmaram a infecção em profissionais. Foto: Reprodução / Redes sociais |
Uma professora da E.E Prof. Antonieta Di Lascio Ozeki, em Cotia, testou positivo para Covid-19 na quarta-feira da semana passada, dia 3 de fevereiro. Acontece que na segunda (1) e na terça-feira (2) ela participou das reuniões presenciais de planejamento da retomada das aulas e teve contato com mais 17 pessoas. Ao menos 12 foram trabalhar nesta segunda-feira (8), início da retomada presencial.
Ainda em Cotia, na E.E República do Peru, uma professora que estava com sintomas da covid também participou da reunião de planejamento nas semanas passada e retrasada. Ela foi afastada na quarta e aguarda o resultado do exame. Dezenas de funcionários tiveram contato com ela e alguns também foram trabalhar hoje.
O mesmo ocorreu em duas escolas estaduais de Vargem Grande Paulista. Uma professora da E.E Paulo Soares da Silva teve exame positivo para covid. Segundo professores ouvidos pelo Cotia e Cia, cerca de 15 profissionais da unidade tiveram contato com essa professora dias antes de o resultado do exame sair. Alguns também foram trabalhar nesta segunda. Mais dois professores estão como casos suspeitos por sentirem sintomas da doença.
Na E.E Laércio Surim houve também um caso confirmado de uma professora que participou do planejamento presencial. A reportagem teve acesso aos exames de todos os casos relatados e as mensagens de texto enviadas em um aplicativo.
DENÚNCIAS NO MP
As denúncias envolvendo as escolas foram encaminhadas ao Ministério Público de Cotia pela Apeoesp (sindicato dos professores).
Segundo a denúncia, no caso da escola Antonieta, a direção da unidade, sob orientação da diretoria de ensino, não afastou as pessoas que tiveram contato com a professora infectada. De acordo com o sindicato, a diretoria teria determinado que todas as atividades presenciais continuassem sem alteração, inclusive a volta das aulas presenciais a partir de hoje. “Além disso, orientou verbalmente o corpo docente a omitir a informação da comunidade escolar”, garante.
“Trata-se de uma postura que contraria os protocolos de segurança sanitária e coloca em risco os profissionais de educação e toda a comunidade escolar”, diz trecho da denúncia. Ainda segundo a Apeoesp, a mesma orientação teria sido passada para as demais escolas que tiveram, em seus profissionais, casos confirmados da infecção.
Após contato feito pelo Cotia e Cia, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo ligou para a reportagem e disse que buscaria um posicionamento das diretorias de ensino citadas na matéria. Mas não houve retorno dentro do prazo estipulado, caso haja, será acrescentado neste texto.
Reportagem de Neto Rossi