Segundo diretores, medida acontece por não haver espaços físicos nas unidades escolares para atender todos os alunos. Afetadas, mães ficaram sabendo do decreto após o Cotia e Cia fazer contato
Foto: Prefeitura de Cotia / Divulgação |
O prefeito de Cotia, Rogério Franco (PSD), baixou um decreto nesta quarta-feira (2/12) em que exclui o Maternal II (que atende crianças com 3 anos) do período integral da rede municipal de ensino. Já o Berçário I e II e o Maternal I continuarão com o atendimento normal. O documento traz detalhes sobre o cadastro online para inscrição e matrícula na etapa da Educação Infantil.
Para diretores da rede ouvidos pelo Cotia e Cia em condição de anonimato, a medida acontece por não haver espaços físicos nas unidades escolares para atender todos esses alunos. “Diante desse fato, agora eles também tentam maquiar a educação. Eles vão falar que conseguiram atender a demanda, mas, na verdade, estarão tirando o período integral dos alunos que vinham estudando desde o berçário.”
De acordo com eles, esse projeto em excluir o Maternal II do período integral já caminha por algum tempo, mas vinha sendo adiado por questões econômicas e por falta de profissionais para suprir as demandas. “O governo, na pandemia, aproveitou o ensino remoto para sobrecarregar as salas, acabando com o déficit de vagas, mas a pandemia não é eterna e o ensino presencial está batendo na porta. E o que fazer com a demanda real? Diminuir o atendimento é o melhor caminho para matar dois coelhos com uma paulada só”, opinou uma diretora.
A medida, segundo eles, vai afetar diretamente as famílias que não têm com quem deixar seus filhos para seguir com suas rotinas de trabalho. “Essa demanda comporta alunos de 3 anos que não podem ficar sozinhos, ocasionando um transtorno imenso às famílias que terão que contratar uma pessoa para cuidar das crianças por meio período. Diante desse turbilhão de decisões erradas, onde entra a preocupação do governo em garantir a educação de qualidade para os pequenos?”, questionou uma profissional da rede.
É o caso de uma moradora de Caucaia do Alto cujo filho está matriculado na creche da região. Sem querer se identificar, ela ficou sabendo do decreto quando o Cotia e Cia fez contato. Ou seja, não houve uma comunicação prévia por parte da Secretaria Municipal de Educação.
"Vou precisar pagar alguém para ficar com ele no outro período. Isso atrapalha as finanças, que já foram prejudicadas pela pandemia. Procuramos a creche [de Caucaia] exatamente porque não temos com quem deixar nosso filho", relatou.
Para a diarista Ariana Pacheco dos Santos, que também não estava sabendo do decreto até o Cotia e Cia fazer contato, o transtorno será o mesmo. Sua filha vai para o Maternal II do Centro Educacional Antônio Mansur, no Pq Miguel Mirizola. Mas como será em meio período, a medida vai afetá-la financeiramente.
“Vão ter dias que vou ter que faltar no serviço, porque para pagar alguém para olhar meus três filhos eu não vou conseguir. E pela idade da minha filha, o pessoal cobra o dobro do valor para olhar”, disse Ariana, que além da menina de 3 anos, tem outra de 6 e um menino de 10.
O Cotia e Cia entrou em contato na manhã desta sexta-feira (4) com o secretário municipal de Educação, Luciano Corrêa, para saber o motivo de retirar o atendimento do Maternal II do período integral. Ele retornou dizendo que enviaria uma resposta, o que não aconteceu dentro do prazo estipulado.
Procurada, a Prefeitura de Cotia também não retornou o nosso contato até o fechamento desta reportagem. Caso haja um posicionamento, ele será acrescentado aqui.
Reportagem de Neto Rossi