José Marcos da Silva, o Pipoka, está entre os 15 pré-selecinados para compor a Seleção Brasileira.
A primeira fase dos treinos aconteceu entre os dias 2 e 8 de abril, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. Os 15 atletas escolhidos voltam a treinar em maio, após o campeonato paulista. Mas apenas 12 serão efetivamente convocados para a Seleção Brasileira.
“Por isso, a dedicação e desempenho nos treinamentos de cada atleta, nesta fase, serão decisivos para a convocação final para o Mundial”, afirma o atleta.
Pipoka tem a chance de voltar à seleção brasileira 10 anos após sua primeira participação. Mas, para ser classificado entre os 12 que seguirão para a Alemanha, além dos treinos intensos, terá que vencer outro obstáculo, conseguir uma cadeira com rodas especiais para o esporte, que será determinante para desempenho.
De acordo com o atleta, no Brasil, apenas uma empresa produz a cadeira com as especificações técnicas necessárias para a prática do basquete em cadeiras de rodas. Os atletas, normalmente, recebem a cadeira como empréstimo ao serem contratados por algum clube, porém, não durante os treinos da seleção. Daí, a necessidade de possuir uma cadeira própria.
Sem condições de arcar com o custo que gira em torno de R$ 10,3 mil (valor estimado da cadeira produzida em Aparecida de Goiânia - GO), Pipoka, apesar de convicto de que será escolhido, espera conseguir um patrocínio para finalmente comprar sua própria cadeira.
José Marcos da Silva tem 47 anos de idade e durante sua adolescência, seu esporte era o futebol amador. Mas, antes de completar 18 anos um acidente de moto o obrigou a interromper a carreira e amputar a perna esquerda.
Após ser convidado para assistir a um jogo de basquete em cadeira de rodas, não demorou muito para iniciar a carreira de jogador. Aos 20 anos estreou no primeiro time profissional, o Centro de Reabilitação do Hospital das Clinicas, onde jogou por 14 anos. O apelido Pipoka veio pela semelhança com o craque ala-pivô da Seleção Brasileira de Basquete e da NBA, João Viana, que também carrega o apelido.
Pipoka passou pelos clubes da Associação Desportiva dos Deficientes (ADD), Clube dos Amigos dos Deficientes (CAD-SP) e Louveira. Atualmente, o atleta cotiano defende o GadeCamp de Campinas - SP.
Em 2008 realizou o maior sonho da carreira ao vestir a camisa da Seleção Brasileira pela primeira vez e disputar os Jogos Paralímpicos de Pequim - China. Com a seleção canarinho não conseguiu subir ao pódio, mas para Pipoka foi uma grande vitória. “Estou muito feliz com essa nova possibilidade de representar o Brasil em uma grande competição”, diz o paratleta. “Dediquei-me intensamente aos treinos nos últimos dois anos. Disputei campeonatos paulistas e brasileiros, para poder voltar à seleção. O sonho de qualquer atleta é defender a camisa verde e amarela e ajudar o Brasil a conquistar o lugar mais alto do pódio”.
Mundial 2018
O Campeonato Mundial de Basquete em Cadeira de Rodas acontece entre os dias 16 e 26 de agosto, em Hamburgo, Alemanha. Os grupos foram sorteados no último dia 30 de março.
Na categoria masculina participam 16 seleções mundiais, dividas em quatro grupos. No Grupo A, estão a anfitriã Alemanha, Marrocos, Canadá e Índia. No Grupo B, está a seleção campeã paralímpica dos Estados Unidos, com a Coreia do Sul, Polônia e Grã Bretanha, bronze no Rio 2016. O Brasil está no Grupo C, ao lado do Japão, Itália e Turquia - bronze no Mundial de 2014. No Grupo D, estão a atual campeã mundial Austrália, Argentina, Holanda e Espanha, medalha de prata no Rio 2016.
Já na categoria feminino, são 12 seleções, divididas em dois grupos com seis equipes cada. O Brasil está no Grupo A, ao lado da atual e cinco vezes campeã mundial Canadá, Espanha, Grã Bretanha, Austrália e Holanda - bronze nos Jogos do Rio. No Grupo B, estão Estados Unidos, Alemanha (ouro e prata no Rio 2016, respectivamente), Argélia, França, Argentina e China.